CANDIDO PORTINARI (1903-1962)
Dedicou sua vida ao registro da
cultura de seu povo e de seu país. A obra de Portinari sofreu forte influencia
de seus primeiros anos de vida. Brodósqui onde nasceu em 1903, seria lembrada
em suas pinturas. Candinho como era chamado, sempre foi miúdo e tinha
dificuldade para andar por causa de um acidente. Esse fato foi marcante para o
franzino garoto, que achava seus pés pequenos e fracos. Na fazenda Santa Rosa, onde
morava, observava os colonos trabalhando na roça, principalmente seus pés
largos, com dedos enormes e fortes. E pensava: “Quando eu for grande, quero ter
pés fortes, poderosos como os deles...”.
Aos 9 anos trabalhou como auxiliar na
pintura do forro da igreja de sua cidade, ficou encarregado de fazer as
estrelas. Aprendeu a técnica spolvero. Com 10 anos fez seu primeiro retrato:
Carlos Gomes. Aos 15 anos foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio
de Janeiro. Como possuía pouco dinheiro, foi morar numa pensão; seu quarto era
na verdade, um banheiro! Certo dia, dormindo dentro da banheira, acordou todo
molhado: a caixa da água havia arrebentado e a água fria foi seu despertador!
Aos 20 anos, pintou “BAILE NA ROÇA”, que foi reconhecida
como sua primeira obra de arte. Foi a primeira tela que vendeu.
Participou de
diversos concursos. Em 1928 foi finalmente premiado, com uma viagem à Europa,
pelo retrato que pintou de Olegário Mariano, poeta pernambucano. Recebeu,
então, uma quantia em dinheiro do governo brasileiro e foi para Paris. No
inicio de 1930, na França, conheceu Maria Victória, jovem uruguaia que morava
em Paris. Casaram-se e viveram na Europa por mais um ano. Lá ele não pintou
quase nada, só andou, observou e aprendeu bastante. Conheceu obras de diversos
artistas. As técnicas de Van Gogh e de Cézanne foram profundamente esmiuçadas
por Portinari.
De volta ao Brasil, trabalhou como nunca. Pintou diversas telas
sobre sua infância e Brodósqui. Sua pintura foi fortemente influenciada por
Pablo Picasso.
A partir de 1936, Portinari desenvolveu a pintura de murais.
Naquela época o governo Brasileiro costumava encomendá-los para serem colocados
em prédios públicos. Em 1939 pintou murais para o pavilhão do Brasil na feira
mundial de Nova York.
A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, em 1944 iniciou as
obras de decoração da Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em BH.
Em
1956 terminou dois painéis para a sede da ONU em Nova York; “Guerra
e Paz”.
Sua obra foi intensa e
diversificada. Pintou tipos regionais do Brasil, como os cangaceiros e os índios
Carajás. Retratos, não gostava muito de fazê-los, preferia retratar sua esposa
e os amigos. Pintou músicos, desenhos de Israel, Crianças, adorava conversar com elas. Ele
dizia: “Sabem por que é que eu pinto
tanto menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar feito anjos”. Denise
sua neta, filha de seu único filho, João, foi diversas vezes tema de suas
pinturas.
A obra de Portinari não pode ser rotulada: apresenta contradições e
soluções que superam o artista comum. Não pode ser simplesmente enquadrada em
um contexto artístico. Ela deve ser entendida com toda a sua força dramática
expressa em cada pincelada. Muitas pessoas criticavam suas obras. Achavam que
as figuras tinham formas exageradas, monstruosas. Não entendiam o real
significado de sua arte...
Portinari faleceu em 1962, aos 59 anos, vítima de
intoxicação provocada pelas tintas que utilizava. Teve a capacidade de pintar 5
mil obras!
Sua principal obra foi deixar gravadas, para sempre, na história e
na arte do Brasil, pinceladas que buscavam a perfeição sob um ponto de vista
muito particular, e o amor à sua gente, suas raízes, sua história.
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