segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Educação Infantil: Projeto A ARTE COMO INSTRUMENTO FORMADOR E TRANSFORMADOR: “DE UMA EDUCAÇÃO INTERDISCIPLINAR, CRÍTICA, ABRANGENTE, PRAZEROSA E CULTURAL.”

Introdução
“Obras de arte são poderosas encarnações de
interesses comuns, pedem uma interpretação ativa,
podem unir diversos meios de pensamento, relacionam-se
a vários contextos e são suscetíveis a múltiplas interpretações.
Por essas razões, o estudo da arte promove em sua
 mais alta sofisticação o tipo de entendimento exigido por uma
 sociedade pluralista, na qual grupos podem coexistir com 
diferentes histórias, valores e pontos de vista.”
Michael J. Parson – 1999
Interações onde está a arte na infância, Stela Barbieri – 
pag.25

    Assim, acreditando nesse contexto, trabalhamos de forma ampla, enriquecedora e diversificada com a turma de 4 a 5 anos do CMEI ... no ano de 2017 com um total de 14 crianças. A ARTE como um instrumento abrangente e transformador para que haja uma educação qualitativa, significativa e lúdica. Utilizando de suas diversas linguagens, tivemos a oportunidade de elaborarmos atividades construtivas, prazerosas, propulsoras de um desenvolvimento amplo das capacidades humanas, tanto individuais como em equipe, explorando as habilidades físicas, psíquicas e motoras das crianças, respeitando-as como seres únicos, capazes, formadores de opinião e de seus próprios interesses. 
     O instrumento educacional aqui representado nesse contexto refere-se sobre isso:

“Esta expressão – educação através da arte -,
criada por Hebert Read em 1943, popularizou-se e
chegou até nós. Posteriormente foi abreviada e
simplificada para: arte-educação, mas seu espírito
original ainda continua vivo. É preciso dirimir dúvidas
desde já: arte – educação não significa o treino para
alguém se tornar um artista, não significa o
aprendizado de uma técnica, num dado ramo das artes.
Antes, quer significar uma educação que tenha a arte
como uma de suas principais aliadas. Uma educação
que permita uma maior sensibilidade para com o
mundo que cerca cada um de nós.”
Por que arte – educação?
João – Francisco Duarte Jr. Pag.12

     De forma que, contextualizando através da arte, conseguimos elaborar uma educação pluralista, formadora de cidadãos críticos e transformadores do meio em que se encontram inseridos.
     Realizamos nesse contexto diversas atividades e brincadeiras que abrangeram pinturas, dança, teatro, cinema, esculturas, estudo com artistas como Ruth Rocha, Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato e o respeitoso e fantástico mundo da imaginação, onde a criança cria e vivência os próprios saberes, partilhando sua cultura de forma lúdica e prazerosa tanto com quem aprende como com quem ensina.

DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO ANTERIOR:

     Ao iniciar o ano de 2017 observou-se que o grupo necessitava de um olhar atento e que o trabalho a ser desenvolvido viesse a suprir as necessidades individuais apresentadas pelas mesmas, já que alguns ainda encontravam-se na fase de garatujas, outros já faziam o domínio da escrita de seus nomes e tentativas de algumas palavras e traços detalhados em desenhos.
     Uma realidade que a princípio me preocupou, mas consequentemente, motivou:
   -“O que fazer para motivar o interesse de toda turma? Como respeitar o limite da maturidade de todos? Como envolvê-los de forma transformadora, lúdica e prazerosa respeitando o tempo, a criticidade e a individualidade de cada um? Como despertar um desenvolvimento pluralista e complexo das capacidades humanas em todos de forma mais igualitária possível?” Foram, com certeza, questões que direcionaram o meu trabalho ao longo do ano, porém a início, foi necessário observação, fundamental conhecê-los, me envolver em suas necessidades e assim me deparar com um realidade de carências básicas, desde um cuidado com a higiene diária até encaminhamento a psicólogo, fonoaudiólogo, serviço social e longas conversas com os responsáveis. 
    Algo me inquietava como preceptora de crianças tão carentes: eu desejava que eles almejassem e encontrassem o prazer pelo aprender, a alegria em descobrir, o entusiasmo pelo novo, a curiosidade pelas descobertas, que juntos pudéssemos vivenciar a felicidade de criarmos, de evoluirmos e assim desenvolvêssemos uma nova perspectiva de autoestima. 
    Por tanto, através da observação de seus contextos algo me chamou a atenção: todos demostravam grande aptidão pelas artes, um interesse em comum. Ao pintar, ouvir e representar histórias eles se entregavam e solicitavam mais, mostrando-se motivados, envoltos, curiosos, desejosos pelo saber. 
  Foi a partir dessa realidade, que elaboramos nosso trabalho, favorecendo o que encontrávamos de mais rico e primoroso, a beleza através das artes em suas diversas e abrangentes linguagens. 
Ressaltando a explicativa de que:
“A ARTE TEM EM SEU SIGNIFICADO COMO HABILIDADE E OU TÉCNICA QUE É ENTENDIDA COMO UMA ATIVIDADE HUMANA DE ORDEM ESTÉTICA E COMUNICATIVA QUE ABRANGE VÁRIAS LINGUAGENS COMO: ARQUITETURA, CULINÁRIA, ESCULTURA, PINTURA, ESCRITA, MÚSICA, DANÇA, TEATRO E CINEMA, EM SUAS VÁRIAS COMBINAÇÕES.” 



OBJETIVOS DA PRÁTICA:



     Desenvolver um interesse comum e motivá-los através da arte como um instrumento transformador, interdisciplinar, enriquecedor, crítico, prazeroso, abrangente e multicultural;

 Desenvolver e ampliar o apreço a arte em suas diversas linguagens;

 Participar e desenvolver as capacidades físicas, psíquicas e motoras

das crianças;
 Vivenciar experiências construtivas e diversificadas através do ensino
das artes;
 Conhecer alguns expoentes das artes;
 Desenvolver as capacidades de comunicação, questionamento, diálogos
e socialização no grupo;
 Conhecer, nomear e fazer uso de diversas cores em suas produções;
 Identificar e diferenciar formas planas de bidimensionais e
tridimensionais;
 Conhecer e respeitar as diferenças entre pessoas, culturas e costumes
envoltos aos meios sociais;
 Elaborar maquetes arquitetônicas, baseadas em conteúdos trabalhados:
“imagens, textos, etc.”;
 Vivenciar a importância dos cuidados com o meio ambientee com a
prevenção ao mosquito aedes aegytpi;
 Reproduzir pequena sequência de movimentos, compondo coreografias
de dança;
 Representar uma história conhecida para uma determinada plateia;
 Compreender que a receita de um determinado alimento serve para
prepará-lo e que ela pode ser típica, e ou cultural a determinada época
ou região, seguindo e observando suas medidas e temperaturas;
 Cantar e dançar determinada música trabalhada para um plateia;
 Brincar de faz de conta utilizando de fantoches e brinquedos diversos
disponibilizados;
 Cantar diversas músicas de origem popular, articulando corretamente as
palavras;
 Elaborar produções artísticas conforme solicitado, utilizando os materiais
e recursos disponibilizados;
 Identificar as formas geométricas encontradas nas imagens trabalhadas;
 Narrar uma história conhecida mantendo a sequência lógica dos fatos;
 Vivenciar e participar de diversas brincadeiras e jogos abrangentes das
múltiplas linguagens da arte;

REFERENCIAL TEÓRICO:

     Ainda que no Brasil como em grandes centros internacionais de educação, são poucas as obras que enfocam as linguagens expressivas das artes ou os processos de criação na primeira infância tanto no que diz respeito aos modos como as crianças elaboram seus modos de expressão quanto no que se refere a prática em sala de aula. Afirma Susana Rangel Vieira da Cunha.
     Para Vigotski, pouco importa se o que se cria é algum objeto do mundo externo ou uma construção da mente ou do sentimento, conhecida apenas pela pessoa em que essa construção habita e se manifesta. Se olharmos para o comportamento humano, para sua atividade de uma modo geral, é fácil verificar a possibilidade de diferenciar dois tipos principais. Um tipo de atividade pode ser chamado de reconstituidor ou reprodutivo...
     Além da atividade reprodutiva, é fácil notar no comportamento humano outro gênero de atividade, mais precisamente a combinatória ou criadora.
     Segundo Vigotski, as obras de arte podem exercer essa influência sobre a consciência social das pessoas apenas porque possuem sua própria lógica interna. O autor de qualquer obra artística, assim como Pugatchiov, combina as imagens da fantasia não à toa e sem propósito ou amontoando-as casualmente, como num sonho ou num delírio. Pelo contrário, as obras de arte seguem a lógica interna das imagens em desenvolvimento, lógica essa que se condiciona a relação que a obra estabelece entre o seu próprio mundo e o mundo externo. 
     Stela Barbieri afirma que a arte e a infância...é um encontro de potências que levam a criação.
     Os artistas nos mostram como olhar para as coisas com outros olhos. Será que olhamos nosso mundo como poetas?
     A imaginação e a criatividade das crianças não tem limites, o que favorece o desenvolvimento de sua potência e a exploração e a apropriação de suas múltiplas linguagens, ampliando suas formas de expressão. O trabalho com a arte na educação infantil é um dos passos para cultivar essa vitalidade natural.
     Foi pensando e acreditando nisso que alguns estudiosos propuseram uma educação baseada, fundamentalmente, naquilo que sentimos. Uma educação que partisse da expressão de sentimentos e emoções. Uma educação através da ARTE.
      Esta expressão – educação através da arte -, criada por Herbert Read em 1943, popularizou-se e chegou até nós. Posteriormente foi abreviada e simplificada para: arte-educação, mas seu espírito original ainda continua vivo. É preciso dirimir dúvidas desde já: arte – educação não significa o treino para alguém se tornar um artista, não significa a aprendizagem de uma técnica, num dado ramo das artes. Antes quer significar uma educação que tenha a arte como uma de suas principais aliadas. Uma educação que permita uma maior sensibilidade para com o mundo que cerca cada um de nós. Assim afirma João – Francisco Duarte Jr.
       Considerando que a Proposta Pedagógica da rede municipal de ensino do município de Telêmaco Borba, enfatiza que a aprendizagem na faixa etária de 0 a 5 anos é de fundamental importância para a formação do ser humano e define ainda que o trabalho do professor nessa faixa etária, além de ser interdisciplinar, deve utilizar sempre o lúdico.
      Vale ressaltar que Arte tem em seu significado como habilidade e ou técnica que é entendida como uma atividade humana de ordem estética e comunicativa que abrange várias linguagens como: arquitetura, culinária, desenho, escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema. Em suas várias combinações.
     Chaves (2010, p.61) postula que “as práticas educativas têm como prioridade a musicalização, procedimentos didáticos como telas, o ensinar e o encantar-se por personagens de histórias, pelo ritmo e movimento dos poemas das canções”. Estratégias e recursos que permitam levar as crianças a estágios cada vez mais avançados de aprendizagem e desenvolvimento. Neste sentido, a mediação, a interação com o outro é de extrema relevância no processo de aprendizagem, pois a criança se torna um ser cultural por meio das vivências e interações estabelecidas com o outro e de acordo com Mukhina (1995, p.40)
       “As crianças assimilam esse mundo, a cultura humana, assimilam pouco a pouco as experiências sociais que a cultura contém os conhecimentos, as aptidões e as qualidades psíquicas do homem. É essa a herança social. Sem dúvida, a criança não pode se integrar a cultura humana de forma espontânea. Consegue-o com a ajuda continua e a orientação do adulto – no processo de educação e de ensino.”
     Desta forma, vale sobrelevar o que diz Michael J. Parson, “As obras de arte são poderosas encarnações de interesses comuns, pedem uma interpretação ativa, podem unir diversos meios de pensamentos. Relacionam se a vários contextos, por essas razões, o estudo da arte promove em sua mais alta sofisticação o tipo de entendimento exigido por uma sociedade pluralista, na qual grupos podem coexistir com diferentes histórias e pontos de vista.
    Assim, “... as crianças são como a arte: pura expressão. Acho que é por isso que os adultos as chamam de arteiras. Há afinidade entre as crianças e a arte – espontaneidade, capacidade de comunicar, de dialogar com o mundo, com a vida. Então podemos dizer que ambas se alimentam da mesma fonte” revela-nos a Professora Rosely. 
  Sônia Kramer (1999), professora e pesquisadora da Educação da PUC – Rio e Universidade Estadual do Rio de Janeiro, coloca ainda que:

   “O adultocentrismo marca as produções teóricas e as instituições. Reconhecer na infância sua especificidade – sua capacidade de imaginar, fantasiar e criar – exige que muitas medidas sejam tomadas. Entender que as crianças tem um olhar crítico que visa pelo avesso a ordem das coisas, que subverte o sentido da história, requer que se conheça as crianças, o que fazem, de que brincam, como inventam, de que falam.”      Segundo Stela Barbieri, As crianças pequena precisam de espaço para se colocar e ser o que são. Quanto mais tivermos escuta e abertura, propondo situações em que elas sejam PROTAGONISTAS, tanto mais contaremos com o envolvimento e a alegria de cada menino e menina. O papel do professor é ajudar a criança a realizar suas próprias ideias. As crianças assim como os artistas contemporâneos, falam “eu preciso de vermelho”. ELAS SABEM O QUE QUEREM, TEM NECESSIDADES POÉTICAS, PREMÊNCIAS E URGÊNCIAS.

DESENVOLVIMENTO:

     A partir da observação realizada das crianças, contextualizando suas interações sociais, respeitando a individualidade de cada um e a necessidade abordada pelo grupo, o desenvolvimento desse trabalho partiu de uma metodologia fundamentada na dialética histórico-cultural, buscando os conhecimentos e a cultura prévia das crianças, para possibilitar uma aprendizagem significativa e que visasse o amplo desenvolvimento das aptidões humanas.
    Através de pesquisas sobre a importância da arte na educação e de como poderia diversificar o trabalho com as múltiplas linguagens da arte de forma interdisciplinar e motivadora, utilizamos procedimentos metodológicos diversificados, como:
      Brincadeiras, jogos, leitura de diversos textos e histórias infantis, músicas, atividades individuais e coletivas como pintura em cartazes, esculturas, apresentação de dança, teatro, narração de histórias conhecidas, desenhos livres e direcionados, elaborações culinárias, apreciação de imagens, recortes, colagens, mosaicos, entre uma diversidade rica em expressão e dialética pluralista.
 Utilizamos técnicas como pintura com gelo, giz de cera e lousa, guache, lápis de cor e canetas esferográficas coloridas, gravuras com diferentes recursos propostos como folhas de árvores, carimbos de papelão, e.v.a, barbante, pintura em recursos diversificados como caixas de frutas, de pizzas, palitos de sorvete, esculturas com massa de modelar, cartolina, papel crepom, rolinhos de papel higiênico, descartáveis em geral, além de dobraduras em papeis de texturas diferentes e também em tecido. 
   Visando sempre possibilitar e ampliar as capacidades e o desenvolvimento das habilidades das crianças de forma rica e primorosa, num contexto interdisciplinar e abrangente das mais diversas formas do crescimento humano.

      Aplicamos diversos conteúdos da proposta pedagógica do município, que nos permitiu trabalhar de forma interdisciplinar envolvendo todas as áreas de linguagens: oral e escrita, matemática, linguagem corporal, arte, natureza e sociedade além de nos motivar a pesquisar formas de aplicá-los cada vez mais ludicamente e de forma prazerosa e motivadora, despertando nas crianças o interesse pela arte e a curiosidade pelo saber, enriquecendo as atividades de forma a transformá-las em momentos mágicos de brincadeira, pesquisa, descoberta e diversão.

      Iniciamos o ano, preparando atividades lúdicas e voltadas para a adaptação e socialização do grupo, observando seus comportamentos e desenvolvimento ao interagir com o meio. Com brincadeiras como: cantigas de roda, contação de histórias, jogos de mímicas, corridas com tapetes, cama de gato, entre outras que favoreceram a intimidade, a amizade e o aconchego entre as crianças e professoras, tornando o ambiente agradável e familiar.

       Acreditamos que a contação de histórias é parte fundamental da formação de leitores críticos e conhecedores do mundo.

RUTH ROCHA, AUTORA DE MAIS DE 130 LIVROS,
AFIRMA QUE:
“... QUEM NÃO GOSTA DE LER, É PORQUE NÃO
SABE LER!”

     Sendo assim, envoltos nas formações recebidas através da Secretaria Municipal de Educação de Telêmaco Borba que nos trouxe um vasto conhecimento sobre a autora e propiciou o contato com muitas de suas obras, foi nos aberto um leque de descobertas através do mundo mágico das belas histórias de Ruth Rocha, sua biografia, poesias e poemas, que nos promoveu momentos deliciosos como:
     “MARCELO DE HORA EM HORA”: Aprendemos sobre a importância da passagem do tempo e de sabermos acompanhá-la corretamente, elaboramos um belíssimo cartaz com o nosso Calendário Anual, onde todos de forma coletiva puderam dar suas opiniões e participar, pintando, colando, e ao longo de todo o ano fazendo e acompanhando as marcações diárias.




     “ROMEU E JULIETA”: Nos motivou a várias atividades diferentes, foi maravilhoso ver o quanto as crianças gostaram dessa história e se divertiram representando-a no Momento Literário realizando dobraduras com tecido, algo que eles nunca haviam feito. Elaboramos o cartaz da porta de nossa sala com elas e aproveitando o tema ainda da história conversamos sobre a diversidade cultural, as cores, realizamos pinturas e gravuras em caixas de papelão para exposição em painel na Secretaria de Educação de Telêmaco Borba, o que pudemos perceber, fazer muito bem a autoestima das crianças que se sentiram valorizadas e demonstravam-se orgulhosas de si, quando elogiadas e ao observarem as fotos da exposição que apresentei a elas.Comentavam alegres e orgulhosas: “Fomos nós que fizemos, né professora?!” Muito lindo de ver, e motivador para a continuação de um trabalho artístico que estava só começando. 
      Percebi nesse momento que seria mesmo através das artes em sua pluralidade disciplinar que encontraria caminhos para envolve-los e ensiná-los de forma prazerosa e transformadora.
      Apresentei-lhes então, a obra de arte: “ROMANCE” de Tarsila do Amaral, que viria a ser mais uma expoente da arte a nos formar e transformar através do riquíssimo material artístico que nos proporcionou momentos e atividades inesquecíveis, prazerosas e belíssimas.
     Com a pintura coletiva dessa obra, elaboramos juntos nosso cartaz de chamada, as crianças amaram a ideia de suas fotos nos vitrais da pintura como se observassem a sala da janela de Tarsila, lógico que apenas uma perspectiva, um ponto de vista, um deslumbre da cena encantadora que a obra nos remeteu naquele momento.
     Ainda sobre a obra observamos suas formas geométricas, as cores trabalhadas e realizamos dobraduras com papel color sete das flores da imagem que foram anexadas ao cartaz e trabalhadas em atividade individual para o portfólio das crianças. Elas demonstraram gostar tanto que terminavam a sua e pediam para realizar mais, queriam levar para casa e presentear parentes.



 


   


   

     Claro que demostraram curiosidade pela artista que pintou a obra, o que foi ótimo porque nos oportunizou conhecer sua biografia e observar imagens de outras de suas obras. Quando entenderam que biografia era dados da história de vida e obras de uma pessoa, tivemos a ideia de junto com nossos familiares elaborarmos a nossa biografia e contarmos em roda de conversa para nossos amigos da sala, dados como nosso nome, quem mora conosco, cor de nossos olhos, cabelos, pele, etc. O familiar ficou responsável pela escrita e por nos contar um pouco sobre nossa história, depois as crianças realizaram um desenho sobre essa história e a reproduziam oralmente para a turma, de início tímidos, mas interessados, desejosos para contar sua história e sua experiência com a tarefa familiar.



   Reforçando ainda a diversidade cultural e as nossas tradições, tivemos festas e aprendemos sobre a origem de cada uma delas.

 O Carnaval, sua alegria, marchinhas, mascarás, cores. 

 A Páscoa, com sua tradição cristã e seus símbolos históricos como o coelho que veio nos visitar e trazer chocolates. 

 O dia do Índio, que nos remeteu a essa cultura tão importante para nossas origens e tão gostosa para nos propiciar brincadeiras diversas como: jogo com petecas, a pescaria, pintura e elaboração de cocares e cantigas de roda.   
     Foram momentos especiais, onde através do lúdico e contextualizando os saberes diversificamos atividades, conteúdos, aproveitando as diversas áreas de linguagens, completando um primeiro bimestre cheio de novas descobertas e desenvolvimentos. 


VIGOTSKI, (2003, P.239) AFIRMA QUE:
“A BELEZA DEVE DEIXAR DE SER UMA COISA RARA
E PRÓPRIA DAS FESTAS PARA SE TRANSFORMAR EM UMA
 EXIGÊNCIA DA VIDA COTIDIANA, E O ESFORÇO CRIATIVO
DEVE IMPREGNAR CADA MOMENTO, CADA PALAVRA
 E CADA SORRISO DA CRIANÇA.”

     As crianças amam desenhar e desenham seu mundo, suas ideias, a beleza do que veem, seus sentimentos, seus pensamentos, suas angústias e medos, desenham aquilo que resplandece em seus seres, esvaziam e descobrem-se no traço do papel, na forma encontrada do ponteiro com o recurso seja ele na parede com o giz, no pincel com a cartolina, no lápis com o sulfite ou até mesmo com pequenos pedaços de carvão traçados na calçada pelo chão.
     Existe todo um mundo a ser explorado, descoberto, desenhado, pintado cheio de formas e cores seres a serem observados, tocados. Um Universo peculiar a vivência infantil que vai exigir de nós educadores a disposição para defendê-los e apoiá-los na busca por suas descobertas, por seu desenvolvimento. 
    No livro “OS DIREITOS DAS CRIANÇAS SEGUNDO RUTH ROCHA”: aprendemos sobre direitos e deveres, sobre respeito e conscientização. 
   Realizamos uma roda de conversa ressaltando aquilo que acreditávamos ser importantes para nossas vidas, para o convívio com os colegas, estabelecemos algumas regras de como gostaríamos de ser tratados e como deveríamos tratar nossos amigos, conversamos sobre a importância de frequentarmos a escola e termos a oportunidade de aprendermos sempre mais, aproveitando a semana de mobilização pelo “Direito Humano a Educação”, elaboramos juntos um cartaz com desenho coletivo sintetizando aquilo que compreendemos do texto e resolvemos sair para as ruas, panfletamos, levamos nosso cartaz a comunidade, os convidamos a voltar as s alas de aulas, as escolas, a buscarem mais conhecimento e formação. 

 
  


      Aproveitando esse clima de direitos e deveres, conhecemos mais um livro de Ruth que defende bem esse contexto:
     A “DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, ADAPTAÇÃO DE RUTH ROCHA E OTAVIO ROTH”.
     Realizamos mais rodas de conversa sobre os temas abordados, observamos e listamos alguns de nossos direitos básicos como: Alimentação, moradia, educação, saúde, transporte de qualidade, dignidade, amor, cuidados com nosso planeta partindo desde os nossos objetos pessoais até com as florestas, mares, céu, rios, ar. O que nos levou a muitas indagações, o que nos motivou a mais pesquisas e, claro, mais descobertas. 
     A partir desses momentos aprendemos sobre os meios de transporte, os tipos de moradia, sobre preservação ambiental e reciclagem.
     Com a história dos “Três Porquinhos” realizamos atividades individuais dos três tipos de moradias, com colagens de mini tijolos, de palha misturadas a cola e guache simbolizando o barro, e palitos de sorvete remetendo a casa de madeira. Brincamos de casinha com cabanas de tecido e brinquedos que remetem a casas de verdade.

 

     Observamos mais uma obra de Tarsila do Amaral “O Porto”, apreciamos diversas imagens e assistimos a vídeos sobre os meios de transporte, cantamos canções populares referentes aos mesmos e brincamos com diversos meios de transporte em brinquedos diversificados. Ainda realizamos atividades de recorte, colagem e desenho em caderno de cartografia representando cada meio de transporte estudado.

 

     Aprendemos que precisamos cuidar do nosso Planeta, mas como é esse Planeta? buscamos imagens do Planeta Terra, conhecemos sua nomenclatura, observamos a divisão entre terra, rios e mares, seu lugar no Espaço, conhecemos e observamos a nossa Galáxia, que beleza deslumbrável esse lugar. Discutimos em roda de conversa como poderíamos ser agentes protetores dessa Terra, dessas belezas e decidimos nos comprometemos em reciclar, reduzir, reutilizar, auxiliar nossos parentes com o lixo em casa, vigiar para não jogarmos nada no chão e ainda sempre que possível recolhermos o que encontrarmos.
     Foi incrível ver o quanto isso foi motivador para eles, trouxeram recicláveis de casa, elaboramos juntos, brinquedos de materiais descartáveis e eles amaram cada momento desde a elaboração dos brinquedos ao manipulálos, explorá-los, dividi-los nas brincadeiras que foram muitas, com o vai e vem, o bilboquê, tambor, jogo de potes, foguete, jogo de argolas; eles criaram e brincaram, desenvolvendo-se de forma consciente e enriquecedora as diversas capacidades humanas, a sensibilidade, o senso motor, o equilíbrio, habilidades físicas e psíquicas do corpo humano de forma simples e prazerosa.

 
 

 

     Para finalizar esse conceito, observamos e apreciamos a linda obra de Tarsila do Amaral “O Manacá”, os surpreendi com uma muda da árvore. Sim! Nós plantamos nosso Manacá, com nossas mão envoltas na terra, na água, na vida. O que nos motivou a criarmos um lindo cartaz reproduzindo a obra com pintura e colagem em técnica de mosaico, realizamos exposição em mural do CMEI da obra, as crianças queriam tirar fotos, cuidavam do Manacá, se orgulhavam do seus feitos, elas são a mistura do que idealizam e criam, elas vivenciam o momento e transformam o em algo único, especial e mágico, como elas mesmas

 

“...Conhecerão e aprenderão valores essenciais para a
individualidade e a vida coletiva e nessa condução são
essenciais a solidariedade, o espírito coletivo e o
apreço a arte como possibilidades de vivências para
que as crianças possam aprender e, portanto, se
desenvolver.”
Chaves, Saito et.al (2015, p.61, 62)

     A partir das formações disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Educação de Telêmaco Borba com o conceituado e querido Prof.Dr. Cleber Fabiano, adentramos no mágico mundo do “Sítio do Pica – Pau Amarelo” e o percursor da literatura infantil no Brasil, nosso ilustre e renomado Monteiro Lobato.
     Conhecemos através do mundo da literatura infantil, a arte de contar histórias; pouco a pouco fomos aprendendo sobre cada personagem e suas histórias do Sítio, estudamos sobre sua biografia e algumas de suas obras literárias, descobrimos a partir delas um pouco sobre o folclore brasileiro e a valorização da nossa cultura tão rica e mista, diversificada e ressaltada em suas histórias. 
     O “Sitio do Picapau Amarelo nos envolveu de tal forma que seus personagens “pularam” das histórias para nossas vivências; primeiro recebendo a ilustre visita da amável Dona Benta na nossa sala, com seus engraçados fantoches e suas histórias encantadoras. Logo, como que não poderia ficar para trás de forma alguma, fomos surpreendidos pela boneca falante, Emília! Atrevida e engraçada como sempre foi chegando, dançando, se misturando e brincando com as crianças como se estivesse em casa.


 

      Assim, nos inspiramos e num dia delicioso, fizemos através da maravilhosa receita da Tia Nastácia, bolinhos de chuva para toda a turma do CMEI, estudamos a receita, suas medidas, a temperatura para os ingredientes e degustamos um lanche da tarde simplesmente fantástico, com gosto de “sítio”, com gosto e sabor de história, de quero mais.

 

 


     Ainda nesse clima gostoso de sítio, exploramos a caixa didática frutas, oportunizando a curiosidade que surgiu das crianças, assistindo a um vídeo dos episódios do “Sitio do Picapau Amarelo, onde a Dona Benta leva as crianças para passear em um pomar e Narizinho se delicia com as tão famosas jabuticabas.

     Desse momento, aproveitamos para aprendermos um pouco sobre a origem dos alimentos, a importância de uma alimentação saudável e higiene alimentar. Realizamos um delicioso piquenique, com uma diversidade de frutas, num clima agradável e de muitas descobertas, como a de que o chocolate tem origem de uma fruta chamada cacau e que ela é branquinha por dentro e quase nada doce, que maçãs, peras, uvas tem mais de uma cor, que pitanga e acerola são parecidas, e que existe melancia pequena e sem semente, como pudemos degustar, além dessas vários outros tipos de frutas diferentes que muitos nunca tinham provado. 

     Foi, com certeza, um dos momentos mais enriquecedores de toda minha prática, o olhar e a experiência, a expectativa deles em cada sabor, o sorriso com cada descoberta, a clareza das feições em cada nova sensação foi inesquecível e inestimável.



 



 

     Com as travessuras de Pedrinho, aprendemos sobre pescaria, bolinhas de gude, estilingue, a caverna da Cuca, e brincamos, nos divertimos na água, estava mesmo um calor “danado”. Aproveitamos então, além da pescaria com o nome dos colegas no peixe para ver quem conseguiria identificar, de quem era o peixe pescado, tomamos aquele banho de piscina.

 

 

     Pouco a pouco, aprendemos sobre a cultura que envolve nosso povo, nosso país, essa cultura tão rica e diversificada, representada tão bem em nosso folclore. Aprendemos a partir das histórias e dos vídeos assistidos sobre o “Sitio do Picapau Amarelo” que Saci é travesso, arteiro e um personagem riquíssimo das histórias de Monteiro Lobato, mas que porém não foi ele que o inventou, ele, o Saci, já existia no folclore popular brasileiro, como a sereia Iara, que também é citada em um dos livros de Monteiro e muitas vezes na sua representação feita pelo Rede Globo de televisão em suas adaptações das histórias de Monteiro Lobato.

 


     Ainda aprendendo sobre o folclore, aproveitando sua data comemorativa, em Agosto, e nosso Momento Literário, apresentamos para as outras turmas, a história da nossa querida autora Tatiana Belinky, “OS DEZ SACIZINHOS”. As crianças amaram, claro, além da história engraçada, a Cuca, o figurino de Saci e as canções do Sítio do Picapau Amarelo” do CD, também, disponibilizados pela Secretaria da Educação, o momento se transformou em dança, “pulos” como Saci e muita brincadeira.
“... Cuidado que a Cuca te pega, te pega daqui, te pega de lá...”

 

    Eles ficaram tão envoltos e apaixonados por esses momentos, pelos personagens e as histórias, que oportunizando da formação com a Profª Mariana Prestes elaboramos as coreografias de duas canções para também apresentarmos aos colegas de turma no CMEI. “A Dança do Boi Bumbá” e o “Pano Encantado”. E com esse contexto, aproveitamos para explorar sobre as cores, o ritmo, atenção, concentração na audição das canções e na pronuncia correta das palavras cantadas, na coordenação e no espirito coletivo nas coreografias elaboradas. Ressaltando que as crianças estavam o tempo todo envolvidas no processo, na elaboração do boi, do figurino, nas cores escolhidas, nos painéis pintados, a coreografia elaborada, tudo tinha o toque especial deles, suas opiniões e participações foram efetivas e primordiais em todo processo - desenvolvimento.

 


     Elas brincaram, se divertiram de forma direcionada e livre, explorando o lúdico, a imaginação, ampliando sua autonomia e afirmando sua autoestima, o exercício da coletividade, da amizade e do contado com o outro, o beneficiar-se do meio inserido como parte integrante e influenciadora dele. Transforma o desenvolvimento de cada criança num processo rico, de primor e natural a sua história, que amplia suas capacidades e transforma suas visões de mundo de forma crítica e cultural.

 

 


Há vários modos de conceituar a Arte, nem todos de acordo entre si. Ás vezes até contraditórios. Mas todos apontam algumas tarefas máximas da Arte:
 Formar uma visão de mundo;
 Transformar a natureza;
 Transformar a cultura; 
 Interpretar a realidade; 
 Expressar uma visão de mundo;

E o que é ARTE?

“Arte é uma maneira de dizer para os outros como você vê as coisas, os fatos, o mundo..., ou até eles mesmos.”

“Arte é expressão.”

“Arte é tudo aquilo que o homem manifesta, toda a sua sensibilidade no belo ou no feio das coisas, da vida, da natureza, de acordo com sua escolha e seu coração, levado a tela, ao livro, ao quadro, à música.”
Samira Yousseff Campedelli 

Literatura – história e texto 1 p.13

     De certa forma, fomos descobrindo juntos, ao longo do ano o prazer pela exploração daquilo que víamos e poderíamos transformar, elaborar, criar, recriar. Aprendemos de forma a desenvolver nossas capacidades evolutivas com um ser complexo, integral, único em cada atividade explorada, em cada contexto executado. 
     Nos percebemos como seres formadores e transformadores, diferentes, primordiais e efetivos no processo ensino - aprendizagem, desenvolvemos nossa afetividade, nossa coletividade e fomos sensíveis ao outro. 
     Recordamos nossas atividades anteriores e realizamos um roda de conversa onde ouvimos a história “Diversidade” de Tatiana Belinky. Conversamos bastante sobre essa diversidade cultural, como aprendemos com as diferenças e a importância dos valores, do respeito ao próximo e a sociedade em que estamos inseridos. Como somos parte importante do mundo que desejamos viver e para isso precisamos entender de RESPEITO. 
      Nesse clima, observamos nossas características físicas, falamos um pouco para o grupo sobre como somos, e assim, elaboramos uma pintura individual, em caixas de fruta, de uma caricatura de nossos rostos, observando os detalhes no espelho, escolhendo as cores de tinta que precisaríamos para combinar, para se encaixar com aquilo que víamos no espelho. 
     Ressaltando com eles a importância da educação nesse processo do ser humano valorizar a diversidade e o respeito com o outro e o mundo, pintamos juntos um belo cartaz para conscientização popular que expomos na reunião de pais onde foi trabalhado com os familiares e responsáveis “O Plano Municipal de Educação”. 
     As crianças demonstraram sentirem-se muito valorizadas, percebiam-se bonitas, ressaltavam seus detalhes, até sardas, mechas no cabelo e tranças diferentes que sobressaiam em suas características eram citados, levaram seus quadros para casa orgulhosos como troféus de si.

 

     Formamos um esquadrão sobre conscientização e respeito, apreço pelo mundo, pelas pessoas, pela arte que expressa nossa sensibilidade, colocamos a mão na massa e fomos para as ruas, munidos de cartazes elaborados em grupo, maquete e panfletos, conscientizar da importância de cuidarmos da nossa sociedade, de nós, do mundo em que estamos inseridos e somos parte formadora e transformadora dele.
     Divulgamos a importância dos cuidados e da prevenção contra o Mosquito Aedes Aegypti, de mantermos nossa cidade limpa a partir do nosso quintal, nossa rua, a quadra onde moramos e levando o respeito e a conscientização ambiental aonde formos como cidadãos conscientes e participativos dessa sociedade pluralista e diversificada. 
As pessoas receberam bem as crianças, as ouviram, e acredito mesmo que elas fizeram diferença aonde passaram. Porque elas foram transformadas e se tornaram agentes transformadores do meio inserido.



A Arte é uma atividade, é um trabalho, é criação que

transforma e interpreta o mundo em que vivemos.

Por isso, o artista promove determinados arranjos. 

Arranjos de linhas, cores, formas, no caso da pintura e 

da escultura. Arranjos de sons, no caso da música.

 Arranjos de imagens, sons, cores, formas, movimento, 
no caso do cinema, do teatro, da dança, da fotografia. 
Arranjos de palavras, no caso da literatura.

Samira YousseffCampedelli
Literatura – história e texto 1 p.15

    Ao chegar o final do ano, e nossa turma teria alguns de nossos queridos amigos direcionados a escola, uma nova etapa em suas vidas, mais descobertas e muito mais transformações, nos reunimos com grupo, como coletivo, e sensibilizados por esse momento de separação e término de um ano tão rico, elaboramos a partir das músicas conhecidas também através da formação com a Profª Mariane Prestes, “Coraçãozinho” e “Suíte do Pescador”, duas coreografias para apresentarmos aos nossos familiares em celebração aos formandos e ao encerramento de mais um ciclo.
    Momento único e emocionante em nossa caminhada educacional.

 

“Quanto mais a criança viu, ouviu e vivenciou, mais ela sabe e 
assimilou; quanto maior a quantidade de elementos da realidade 
de que ela dispões em sua experiência - sendo as circunstâncias 
as mesmas -, mais significativa e produtiva será a atividade de 
sua imaginação.”

Vigotski, 2009

AVALIAÇÃO:

     Ao término do ano, a sensação era que haviam sido “tocados”, desenvolveu-se um sentimento, uma afetividade, houve uma troca, acredito que aprendi tanto quanto ensinei, fui transformada, como transformei.
    Eles aprimoraram-se, cresceram, melhoraram seus vocabulários, a coordenação motora fina muito mais aperfeiçoada, a percepção e reconhecimento pelas cores, a capacidade de argumentação e defesa de seus critérios, de suas vontades e entendimentos, a primazia pela dissertação, eles solicitavam ansiosos falar, crianças que anteriormente aparentavam-se tímidas, inseguras pelas diversidade de idades no grupo, a vergonha por não saber ainda aquilo que o outro já aparentava dominar tão bem, se transformou em autoestima, em desafio, desejo por conseguir absorver das capacidades atribuídas coletivamente ao grupo. 
     Nos dividimos ao longo do ano, de forma, lúdica e prazerosa nossas capacidades, tanto quanto nossas curiosidades, nossos desafios, nossos medos, anseios, nossos desejos. Compartilhamos no imaginário, no faz de conta, através do silêncio encontrado entre o papel e o pincel,a transformação na ação, no expressar-se, na capacidade de executar, de fazer por si próprio a superação de ser. O entendimento daquilo que lhe é solicitado, o transformar das formas em lápis e papel, os pequenos traços em desenho pronto. 
     Eles de repente já reconheciam e nomeavam algumas letras, a maioria saiu escrevendo seu próprio nome, e muitos, algumas palavras, todos identificavam o seu nome e o dos  colegas. 
     Ampliaram visivelmente suas capacidades físicas e motoras de locomoção, como habilidades de saltar, correr, pular, arremessar, conduzir, transportar, chutar. 
     Mas, com certeza, a maior transformação foi na autoestima e na autonomia do grupo, ao falar com clareza, defender seus pontos de vista, suas capacidades de argumentação em roda de conversa, de solicitar aquilo que se deseja sem temer, sem envergonhar-se, com segurança e altivez. Trocar-se com autonomia, ir ao banheiro sozinhos, comer alimentos diversificados, a coragem em experimentar o novo, eles demonstraram uma segurança que a princípio me parecia inata. 
     Os objetivos foram atingidos, houve interação, motivação, interesse, afetividade, desenvolvimento das capacidades físicas, psíquicas e motoras de todas as crianças do grupo sempre respeitando suas individualidades, limites e maturidades.

PARA REFLETIRMOS:

“... VER NÃO É O MESMO QUE OLHAR, ASSIM QUE OUVIR NÃO É
O MESMO QUE ESCUTAR.
VER ENVOLVE APENAS O ESFORÇO DE ABRIR OS OLHOS; OLHAR
SIGNIFICA ABRIR A MENTE E USAR O INTELECTO.
OLHAR UMA PINTURA É COMO PARTIR PARA UMA VIAGEM – UMA
VIAGEM COM MUITAS POSSÍBILIDADES, INCLUINDO O
ENTUSIASMO DE COMPARTILHAR A VISÃO DE UMA OUTRA
ÉPOCA.
COMO EM QUALQUER VIAGEM, QUANTO MELHOR A PREPARAÇÃO,
MAIS GRATIFICANTE SERÁ A EXPEDIÇÃO.
CUMMING, ROBERT.
PARA ENTENDER A ARTE



RECURSOS E REFERENCIAL TEÓRICO:



Barbieri. Stela, Interações: Onde está a arte na infância? São Paulo: Blucher, 2012.

Campedelli, Samira Yousseff. Literatura, história e texto 1. São Paulo, 1999.

Chaves, Marta. Lima, Elieuza Apª. Ferrareze, SIneide. Teoria Histórico – Cultural e formação de professores; estudos e intervenções pedagógicas humanizadoras. Maringá: Nova Sthampa, 2012.

Cunha. Susana Rangel Vieira da (org.). As artes no universo infantil. Porto Alegre: Mediação, 2012.
João – Francisco Duarte Jr. Por que arte na educação? São Paulo: Papirus, 2008.
Lev S. Vigotsky. Imaginação e criação na infância. Moscou: Eksmo, 2004.
Ruth Rocha, Marcelo de Hora em Hora. São Paulo: Salamandra, 2013.
Ruth Rocha, Romeu e Julieta. São Paulo: Salamandra, 2009.
Ruth Rocha, Os Direitos das Crianças São Paulo: Salamandra, 2014.
Ruth Rocha e Otavio Roth, Declaração Universal dos Direitos Humanos. São Paulo: Salamandra, 2014.
Tatiana Belinky, Os dez Sacizinhos. São Paulo: Paulinas, 2007.

Tatiana Belinky, Diversidade. São Paulo: Quinteto, 1999.

Projeto elaborado e desenvolvido por Ana Rosa Palheiro

Vencedor do:PRÊMIO PROFESSOR PAULO FREIRE “A TEORIA DO CONHECIMENTO VIVENCIADA NA PRÁTICA.” 
Relato das práticas desenvolvidas, a partir dos pressupostos da Proposta Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Telêmaco Borba. no ano de 2017. Categoria 4 a 5 anos

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