segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Educação Infantil: PROJETO: Sustentabilidade, Conscientização e Valorização Ambiental desde a Educação Infantil. Natureza e Sociedade e as múltiplas linguagens em prol da Humanização na Educação.


Introdução:
Pautando-nos, nos estudos da Proposta Pedagógica do Município e também baseando-se nas formações ofertadas pela Secretaria Municipal de Ensino, como também nos Referenciais Teóricos citados, no presente documento observado, buscamos realizar um trabalho abrangente, humanizador, rico e sensibilizador, de uma prática didática diversificada, prazerosa, significativa e pluralista.
Nosso trabalho foi realizado com a turma de 3 anos, num total de 12 alunos, num local provisório e adaptado, porém rico e favorável em possibilidades.

[...] as instituições educativas só se justificam se, em todos os espaços e em todo tempo, 
ocuparem-se do desafio de disponibilizar as crianças as máximas elaborações humanas.
Chaves, 2014, p.85

Trabalhar o Meio Ambiente na Educação Infantil, é trabalhar a valorização a vida. É estimular o apresso a humanidade e a empatia. É ensinar conceitos e valores como: respeito, amor, solidariedade, sustentabilidade, preservação, é gerar sensibilidade ao pertencer, é criar a perspectiva de se fazer parte de. É compreender que somos o mundo muito mais do que estarmos no mundo!
Realizando atividades lúdicas e prazerosas, com sentido ao universo infantil e recheadas de conhecimentos e conceitos científicos, onde a criança aprimora suas experiências e transforma seus saberes, através da prática e do contato com o todo. No toque, ao fazer, ao manipular, experienciar e vivenciar as práticas, os conceitos a criança desenvolve, amplia, expande e prossegue em conhecer, em querer muito mais do que lhe foi ofertado, porque lhe fez sentido, lhe agradou o objeto de busca e percepção. Como educador você se torna um instrumento entre o conhecimento adquirido e a realização da prática formal, transformando-o em um momento único, diferenciado, multidisciplinar e aperfeiçoador de um desenvolvimento amplo das capacidades humanas, potencializador das habilidades físicas, psíquicas e motoras de cada criança.
Porém, ao mesmo momento você é tocado e transformado, você é sensibilizado pela prática e a troca com o outro, sendo motivado e motivador. É a riqueza de se trabalhar com humanidade e para a humanização. É descobrir a cada nova atividade, todos os dias que estamos em eterna evolução.
Buscando a criticidade, a sensibilidade e a autonomia das crianças, trabalhamos com passeios ao sítio, ao parque, ao correio, a floricultura e a empresa Revita. Conhecemos o mágico mundo da literatura infantil através do maravilho e consagrado autor brasileiro Monteiro Lobato, explorando suas obras, personagens e elaboramos através desses estudos uma linda Caixa de Pesquisas e Estudos sobre o autor. Realizamos diversificadas experiências com tinta, areia, papel crepom, cola, papéis recicláveis, onde nos oportunizamos explorar as diversas possibilidades de cores, misturas, texturas e construções com maquetes e esculturas. Elaboramos, juntos, passo a passo, um Minhocário, conhecendo cada detalhe da vida da minhoca, do seu ambiente, alimentação e reprodução. Brincamos com bola, corda, jogos, contextualizando as atividades sobre o Sitio do Picapau Amarelo. Dramatizamos canções populares, brincamos de faz de conta e utilizamos a riqueza do imaginar nas diversas possibilidades exploradas. Plantamos, colhemos e comemos aquilo que nós mesmos preparamos, realizando a máxima do todo ao fazer do princípio ao fim e nesse meio tempo, nos conhecemos, nos sensibilizamos e aprendemos um com o outro na maravilhosa troca do ser.
Descrição da situação anterior:

Ao iniciarmos 2018, refletindo sobre as possíveis práticas e observando nossas crianças, seus comportamentos, contextos históricos e socializando com o grupo, conseguimos através da conversa, algumas atividades e brincadeiras, reconhecer suas necessidades, tanto as individuais como as do grupo, suas dificuldades comportamentais, o que se destacou foi a indisciplina que era grande, a falta de algumas necessidades básicas ressaltava-se claramente em alguns, até mesmo como higiene e boa alimentação.
Tivemos também a possibilidade, que veio a se concretizar, da mudança do Centro Comunitário para uma casa locada, o que ainda não era o mais adequado aos padrões de uma educação de excelência, porém, provisoriamente, o que melhoraria as condições inicias do Centro Comunitário, principalmente de segurança e higiene, só que ainda mais longe do prédio original do CMEI e com salas ainda mais reduzidas em espaço e ambientes.
Observando esse contexto, parecíamos limitados, a sensação era estar desprovido de espaço físico mesmo, para ser bem realista com a situação, isso fazia ainda mais ressaltante a condição disciplinar das crianças, era comum que elas ficassem irritadas até mesmo por trombarem umas nas outras, dormirem muito, eu reforço muitíssimo próximas.
Com isso, era inevitável ao grupo, uma intervenção pedagógica, precisávamos no adaptar a nova realidade e trazer as crianças o melhor possível em todas as possibilidades.
Mudanças sempre acarretam certa ansiedade, necessidades especiais podem gerar desconforto, principalmente a início, mas o que mais gosto nas mudanças são as possibilidades, a perspectiva criativa que se abre num contexto que poderia ser limitado ou bloqueador, porém também, dependendo do olhar e forma de intervir, extremamente desafiador e estimulante.
Nos questionamos como grupo e também parceria pedagógica, como faríamos para proporcionar o mais rico, primoroso e esmerado da educação para nossas crianças dentro das possibilidades e com os recursos que tínhamos.

Como poderíamos interferir, enriquecendo suas realidades, transformando suas vivencias em novas oportunidades, favorecendo de maneira significativas novos aprendizados. E que isso fosse motivador, prazeroso, que eles se sentissem tocados de uma forma única nas possibilidades do saber, diminuindo a agressividade entre eles, despertando suas curiosidades, fazendo participativos no processo, fundamentais para que a transformação humanizadora que desejávamos acontecesse veemente.


Se a vida ao seu redor não o coloca diante de desafios, 
se as suas reações comuns e hereditárias estão em equilíbrio
 com o mundo circundante, então não haverá base alguma
 para a emergência da criação. O ser completamente adaptado ao mundo
 nada desejaria, não teria nenhum anseio e,
 é claro, não poderia criar. Por isso, na base da criação
 há sempre uma inadaptação da qual surgem necessidades, anseios e desejos.
Vigotski, 2009, p. 40 

Foi assim, que através de muito diálogo, abusando das rodas de conversa, reconhecendo a necessidade de planejamentos flexíveis e adaptados ao ambiente e as circunstâncias, principalmente para que se realizassem muito mais nos espaços externos do CMEI e até mesmo fora dele. Buscamos, a partir da problemática a solução, daí a ideia de trabalharmos o máximo possível o meio ambiente de forma interdisciplinar e explorando as culturas, a sociedade em que estávamos inseridos, a natureza em si, suas diversas possibilidades, visando despertar tanto nas crianças como em nós empatia, sensibilidade, conscientização e sustentabilidade através da educação.

Objetivos da prática:
Compreender valores essenciais a vida e ao mundo, como: respeito, empatia, solidariedade, compaixão e amizade.
       *Desenvolver e estimular uma consciência humanizadora, no âmbito social e ambiental de forma lúdica e prazerosa.
·                    * Vivenciar práticas importantes ao meio ambiente, cuidados com a natureza na prática elementar.
·                     *Promover e inspirar o respeito ao próximo, a solidariedade, a compreensão, a empatia, cooperação com o grupo, assim como propósitos em comum ao meio e a socialização entre si.
·               *Realizar brincadeiras cantadas com pequenas coreografias, diferentes movimentos corporais e articulação de sons.
·                    * Conhecer, explorar e apreciar diferentes linguagens artísticas.
·                     *Conhecer, reconhecer, diferenciar, explorar, tocar e imitar diferentes tipos de animais.
·                    * Apreciar canções, pinturas, esculturas e outros aspectos da cultura.
·                    * Conhecer, apreciar e descrever elementos presentes em uma obra.
·                     *Conhecer, reconhecer, nomear e explorar as possibilidades das cores.
·                   *  Expressar-se verbalmente em diferentes situações, ampliando as possibilidades do uso da linguagem oral.
·     *Elaborar desenhos a partir de situações vivenciadas, elementos dados, simetrias apresentadas, e de forma livre e exploratória.
·                    * Elaborar produções artísticas à partir de elementos e materiais disponibilizados.
·              *Expressar-se de diferentes formas, verbalmente, em situações diferentes: canções, poesias, relatos diários, trava línguas, brincadeiras cantadas, etc.
·             *Executar diferentes movimentos corporais como: rolar sobre colchonete dando cambalhotas.
·                * Reconhecer figuras geométricas em elementos apresentados, como: obras de arte, móveis no espaço, imagens ilustrativas, brinquedos, dobraduras, etc.
·               *Demonstrar interesse enquanto as professoras leem textos de diferentes formatações, sejam poesias, histórias, informativos. Argumentando e realizando comparações e complementações aos estudos propostos.
·                   * Reproduzir situações cotidianas através de jogos dramáticos.
·                 *  Realizar diferentes percursos, fazendo uso dos equipamentos e materiais disponibilizados.
·               *Simbolizar situações cotidianas e imaginárias, através dos materiais disponibilizados. Como fantoches, dedoches, bonecos, mascarás, etc.
·                   * Utilizar de brinquedos como recurso para desenho.
·                 *Listar nome das crianças, destacando e observando a letra inicial de cada nome listado.
·                     *Realizar brincadeiras cantadas destacando e ressaltando o nome das crianças.
·                     *Expressar detalhadamente elementos observados em obras de arte.
·       *Concentrar-se na audição de determinados gêneros musicais, realizando pequenas coreografias pautadas nos estudos propostos.
·          *Elaborar produções artísticas com texturas, esculturas, colagens, desenhos, pinturas, tingimentos, etc.
·                 * Identificar as letras do seu nome.
·                    * Reconhecer seu nome em seus objetos pessoais.
·                 * Executar diferentes movimentos corporais, estimulando o desenvolvimento e a ampliação das capacidades de correr, saltar, pular, andar, arremessar, soprar, pegar, amassar, levantar, abaixar, equilibrar, etc.
·                   * Conhecer e diferenciar as características dos animais domésticos e selvagens.
·                   * Conhecer e nomear as partes de uma planta.
·         * Plantar pequenas mudas, acompanhando seu desenvolvimento, despertando cuidados básicos a seres vivos.
·                 * Participar de diferentes jogos cooperativos.
·                  *  Realizar várias formas de contagens coletivas.
·                    * Acompanhar e compreender a passagem do tempo através de calendário e relógio.
·                 * Conhecer, apreciar e explorar a biografia do renomado autor brasileiro Monteiro Lobato e algumas de suas obras.
·                 * Elaborar diferentes produções artísticas inspirados na obra de Monteiro Lobato “O Sítio do Picapau Amarelo”.
·                   * Identificar, nomear, e valorizar pessoas que fazem parte do seu contexto familiar.
·                  * Compreender e saber diferenciar as relações de grau familiar valorizando os membros de sua família.
·       *Ampliar as habilidades de recortar e colar, explorando diversos temas para busca, identificação em revistas e jornais.
·                    * Identificar e diferenciar paisagens rurais e urbanas, ressaltando suas características.
·              * Explorar a motricidade fina através de jogos de memória, quebra-cabeças, peças de montar, etc.
·                     *Conhecer e diferenciar os diferentes tipos de moradias.
·                     *Conhecer diferentes habitats de animais selvagens e domésticos.
·                     *Compreender a origem de alguns alimentos.
·                    * Realizar plantio de uma pequena horta.
·                     *Elaborar maquete com materiais recicláveis.
·                    * Elaborar papel artesanal a partir da reciclagem de papeis reaproveitados.
·       *Identificar e registrar informações referentes suas famílias, e relação familiar, tendo responsável como escriba.
·                    * Identificar partes do corpo humano e nomeá-las.
·                   * Conhecer diferentes manifestações de danças.
·                * Elaborar um habitat animal real, “minhocário”, e realizar diferentes estudos sobre o mesmo.
·                     *Compreender e diferenciar seres vivos e objetos.
·                   * Compreender de formas diferentes a importância com o meio ambiente, seus cuidados e preservação.
·                     *Demonstrar compreender as regras propostas em jogos e combinados.
·               *Relacionar e vivenciar cuidados com o meio ambiente à coleta seletiva, identificando e classificando pelas cores propostas referentes aos resíduos trabalhados.
·                    *Desenvolver interesses em comum, motivando-os e estimulando-os a desenvolverem suas capacidades físicas, psíquicas e motoras. De forma interdisciplinar, critica, prazerosa, abrangente e multidisciplinar.

Referencial Teórico:

Segundo a UNESCO 1987, Educação Ambiental é “um processo permanente” onde o indivíduo e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente, na busca de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros.
E ainda assim, com suma importância, que se faz evidente no contexto acima, vale ressaltar que foi na Conferência de Estocolmo, promovida em 1972, que definiu pela primeira vez a importância da ação educativa nas questões ambientais. Gerando o primeiro Programa Internacional de Educação Ambiental, consolidado em 1975 pela Conferência de Belgrado.
Ainda sobre novos enfoques, os problemas ambientais passaram a modificar o panorama educacional. A Educação Ambiental passou a ser considerada como campo de ação pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional. (IBAMA 1994).
A Educação Ambiental nada mais é do que a própria educação, com sua base determinada historicamente e que tem como objetivo final melhorar a qualidade de vida e ambiental da coletividade e garantir sua sustentabilidade, afirma Pelicioni, 2004.
Em concordância encontramos a assertiva de Mellowes – 1972, que nos diz, que “a Educação Ambiental é um processo no qual deve ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupações com o meio ambiente, baseado em um completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente em sua volta.
Neste sentido, a função da escola é promover o desenvolvimento em uma perspectiva de humanização. Em outras palavras, significa dizer que educar só se justifica caso potencialize as capacidades humanas desenvolvidas ao longo da história da humanidade. (Chaves, Saito 2015). O desafio é a formação caracterizada por sentidos e significados humanizadores, centrada na ideia de que os cursos e formação contínua não podem reduzir-se ao como fazer, mas devem conduzir a reflexão e compreensão acerca dos enfrentamentos e possibilidades da ação educativa formal, das necessidades e do potencial das crianças e dos motivos que possam ser gerados numa lógica de educação humanizadora. Ainda Chaves, 2014.
Paulo Freire – 1998, define a ideia Educação como que aprendemos aquilo que queremos, ou seja, a educação depende muito mais daquele que incorpora o conhecimento do que o que propõe.
De acordo com o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, publicado em 1996, as bases da educação são: aprender a aprender, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a ser.
Ou seja, cabe ao ser humano desenvolver ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), como as nossas participações no gênero humano, pois compartilhamos de um destino comum. (Morin, 2000)
No Brasil, esses princípios foram incorporados pela Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
Que defende em seu artigo 4º os seguintes princípios básicos para a Educação Ambiental no Brasil:
I- O enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II-                A concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sobre o enfoque da sustentabilidade.
III-              O pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV-             A vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V-               A garantia de continuidade e permanência no processo educativo;
VI-             A permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII-            A abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais.
VIII-           O reconhecimento e o respeito à pluralidade e a diversidade individual e cultural.
Partindo então dessa premissa, a função da interdisciplinaridade na Educação Ambiental é resgatar o “complexus”, o TODO.
Para Oliveira – 2008, a interdisciplinaridade [...] gira em torno da relação entre disciplinas, cujo interesses próprios são preservados. Em outras palavras, Morrin – 1997, diz que, conhecer é sempre poder rejuntar uma informação ao seu contexto e ao conjunto ao qual pertence.
Logo, vislumbramos a perspectiva de Vigotski – 2009, onde afirma:
“Quanto mais a criança viu, ouviu e vivenciou, mais ela sabe e assimilou; quanto maior a quantidade de elementos da realidade que ela dispõe em suas experiências – sendo as demais circunstâncias as mesmas, mais significativa e produtiva será a atividade de sua imaginação.
Chaves afirma que: a formação rigorosa em Referencial Teórico, deve servir para ensinar e desenvolver não apenas a criança, mas também o próprio educador. Antes de pensar a necessidade de conteúdos “da” e “para” a criança é necessário apresentar conteúdos para o professor no sentido de que possa ampliar seu universo cultural.
Nesse contexto, sobre a importância da educação observamos Leontiev – 1978, destacar que: O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade. Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são incorporadas nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que o rodeia, nas grandes obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no decurso da sua vida ele adquire propriedade e faculdades verdadeiramente humanas. Este processo coloca-o muito acima do mundo animal. Quanto mais progride a humanidade, mais rica é a prática sócio – histórica acumulada por ela, mais cresce o papel específico da educação e mais complexa é a sua tarefa.
Por tanto ressalta a afirmativa de Morrin – 2000, quanto diz que: “Não ensinamos as condições de um conhecimento pertinente, isto é, de um conhecimento que não mutila o seu objeto. Nós seguimos em primeiro lugar, um mundo formado pelo ensino disciplinar. É evidente que as disciplinas de toda ordem ajudaram o avanço do conhecimento e são insubstituíveis. O que existe entre as disciplinas é invisível e as conexões entre elas também são invisíveis. Mas isto não significa que seja necessário conhecer somente uma parte da realidade. É preciso ter uma visão capaz de situar o conjunto.”
Enquanto que para Vigotski, o ambiente social é fonte de modelo dos quais as construções devem se aproximar. É a fonte do conhecimento socialmente construído que serve de modelo e medeia as construções infantis. Para Vigotski, a aprendizagem, e consequentemente o desenvolvimento, é impelida pelos modelos, e claro, pela motivação da criança.

A esse respeito, ainda Vigotski e Luria, 1996 sinalizam que: “O grau de desenvolvimento cultural de uma pessoa expressa-se não só pelo conhecimento por ela adquirido, mas também por sua capacidade de usar objetos em seu mundo externo e, acima de tudo, usar racionalmente seus próprios processos psicológicos. A cultura e o meio ambiente refazem uma pessoa não apenas por oferecer-lhe determinado conhecimento, mas pela transformação da própria estrutura de seus processos psicológicos, pelo desenvolvimento nela de determinadas técnicas, para usar suas próprias capacidades.
Em contra partida, nesse contexto amplo de conscientização da importância da educação e a relevância ao meio ambiente no contexto sociocultural e histórico do educando, sobressai aos nossos olhos a advertência de Morin, 2000 quando afirma a problemática que:
“A grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Na realidade, isto é um agravante, já que o individualismo ganha um espaço cada vez maior. Estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o egoísmo e que, consequentemente, alimenta a auto justificação e a rejeição ao próximo.”
Por tanto faz-se indispensável a reflexão sobre as práticas humanizadoras que reforcem a importância afirmada por Chaves, Saito Et. Al, 2015, onde:
“... Conhecerão, aprenderão valores essenciais para a individualidade e a vida coletiva, e nessa condução são essenciais a solidariedade, o espírito coletivo e o apresso a arte como possibilidades de vivências para que as crianças possam aprender e, por tanto se desenvolver”.
Sendo que, “a infância é o tempo em que a criança deve se introduzir na cultura humana, histórica e socialmente criada, produzindo para si qualidade especificamente humanas”, concordando com a citação acima a afirmativa de Leontiev, 1978.
Nessa intenção, Chaves, 2013 assevera que: “Como podemos planejar as aulas falando sobre os mais belos poemas e histórias que versam sobre borboletas, flores, bichinhos de jardim, pássaros, enfim, sobre temáticas que estão diariamente sendo tratadas em nossas instituições escolares, mas que as crianças conhecem apenas por imagens dos livros, ou veem em desenhos que passam na televisão, que nem sempre são apropriados para sua faixa etária! Por que não compormos um lindo jardim e esperarmos que o perfume das flores traga até as crianças lindas borboletas, pássaros, beija-flores, com várias espécies de flores, das mais belas às mais simples, para compor o espaço escolar!”
[...] as Escolas de Educação Infantil podem se apresentar como espaços de educação por excelência, o que equivale a dizer que a organização do tempo e do espaço justifica-se para favorecer ou instrumentalizar intervenções educativas capazes de promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos escolares de diferentes idades. (Chaves, 2014).
Por tanto, “a organização do tempo e do espaço pode ser expressão daquilo que se aprende por mais elaborado. [...] Um desafio, sobretudo nesse início do século XXI, em que há o acumulo de riquezas de um lado e extensão de miséria do outro.” (Chaves, 2014)
Pelicioni, 2004, nesse contexto ressalta que [...] “a educação não pode ser voltada apenas para mudanças individuais, mas para as mudanças coletivas e, principalmente, para a transformação do sistema social afim de garantir melhor qualidade de vida para a humanidade e para os demais seres vivos” [...] Assim, a educação deve promover mudanças na cultura moderna, permeada pela valorização do individualismo e do consumismo, características inerentes ao capitalismo. A inversão desses valores deve começar com a valorização do homem pelo que ele é, e não pelo que ele possui. Nesse sentido, deve prevalecer o interesse coletivo sobre o interesse individual, pois o comprometimento coletivo dos indivíduos na solução dos problemas socioambientais é um dos aspectos fundamentais no processo de desenvolvimento da Educação Ambiental.
Nesse pressuposto, compreendemos Vigotski, 2000 quando reafirma a necessidade de que as ações pedagógicas sejam pensadas na intenção de oportunizar o pleno desenvolvimento dos escolares pois as ações pedagógicas devem projetar as crianças para além daquilo que ela já sabe.
Organizar a rotina na instituição escolar requer, antes da organização do trabalho pedagógico propriamente dito, estudos e decisões coletivas, o que favorecerá a compreensão de que em todo o tempo e em todos os espaços as instituições escolares devem expressar nos procedimentos, paredes, corredores parque e jardins o que de mais avançado pode ser presentado e ensinado as crianças, defende Chaves, Stein e Silva, 2014.
Assim faz-se concreto o ensinamento de Vigotski, 2003 ao declarar que:
“A beleza deve deixar de ser uma coisa rara e própria das festas para se transformar em uma exigência da vida cotidiana, e o esforço criativo deve impregnar cada movimento, cada palavra e cada sorriso da criança.”
“... Cabe ao ser humano desenvolver, ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação social (as reponsabilidades sociais), ou seja, a nossa participação no gênero humano, pois compartilhamos de um destino comum.” [...] “E hoje que o planeta já está, ao mesmo tempo, unido e fragmentado, começa a se desenvolver um ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e começar, talvez, a civilizar a Terra.” Permeia, claramente, Morin 2000.

Desenvolvimento:

Da ação docente: “... não substitui a criança 
em sua necessária atividade, mas propõe intencionalmente
 a atividade, amplia e qualifica a atividade iniciada pela criança, 
interfere sempre que necessário para garantir, 
com as atividades propostas, que cada criança se aproprie 
das máximas capacidades dadas naquele momento da história.
Mello, 2006, p.197

                Em visita ao Museu do Amanhã: “Onde estamos? Hoje estamos no Antropoceno, a Era dos Humanos, um novo momento da história do Planeta. Somos bilhões de pessoas ocupando todos os continentes, fabricando tecnologias mais eficientes, mas consumindo vastos recursos e produzindo muito lixo. Em poucas gerações tornamo-nos uma força global que transformou a Terra e as condições de vida de outras espécies. Nossas ações tem consequências significativas que se estenderão pelos próximos séculos. Nós e nossos descendentes viveremos em um mundo profundamente modificado pela nossa própria presença.

De tal forma, ressaltamos que é fundamental a consciência de que o Meio Ambiente para o homem assim, como o homem para o meio ambiente, não dá para “não coexistir”, ambos dependem um do outro, e hoje, o meio reage a degradação do homem ao próprio homem.  Como que refletisse de forma oriunda a exatidão do que recebeu. De tal forma, que nunca foi tão atual e futurista ou e se houve tamanha necessidade de conscientizar, preservar, SUSTENTABILIZAR. Ouso dizer: “salvar” o homem, do próprio homem, para que a vida prossiga em existir e concomitarcom a Natureza e todo o Meio Ambiente em si. Logo, aprender é preciso, e faz-se desde muito cedo, para que toda prática venha sendo construída de forma natural as crianças que serão as protagonistas dessa nova etapa de forma existencial com o meio e os cuidados necessários ao mesmo, numa vida onde sejam parte do mundo como um todo, conscientes da sua função, transformação e ação fundamental nele.
Meio Ambiente: conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos e indiretos, em um prazo curto ou logo, sobre os seresvivos e as atividades humanas. Segundo as Nações Unidas”
A alegria não chega apenas no encontro do achado, 
mas faz parte do processo da busca.
Ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, 
fora da boniteza e da alegria.
Paulo Freire.

O trabalho com releitura de obras na Educação Infantil tem como objetivo despertar o olhar e interesse das crianças para as obras de diversos pintores, favorecendo o processo criativo, crítico e possibilitando que elas expressem suas opiniões e desenvolvam a capacidade de pensar, refletir, falar e criar, tornando-se também produtoras de artes.
Dessa forma, buscando ampliar os conhecimentos das nossas crianças e visando aprimorá-las culturalmente, iniciamos apresentando-lhes algumas obras do expoente das artes “CÂNDIDO PORTINARI”, sendo elas: “AUTORRETRATO-1957”, “PALHACINHOS NA GANGORRA-1957”, “CRIANÇAS SOLTANDO PIPA-1932”, “MENINOS BRINCANDO-1955”.
Realizamos observações através das imagens impressas e de livros, as cores, as formas, discutimos sobre as intenções do artista ao produzir as telas, os métodos, os materiais utilizados.
Após as vivências com as obras, convidamos as crianças a reproduzi-las utilizando de diferentes técnicas de pintura, com recursos variados como: rolinho, esponjas, pincel, pintura a dedo, colagens com tecidos, palitos de sorvete, papéis com texturas diversificadas.
 PALHACINHOS NA GANGORRA – 1957 DE CANDIDO PORTINARI / Pintura com rolinho e esponjas, colagens com texturas diferenciadas, para capa de portfólio. Brincadeira na gangorra, vivenciando a atividade observada na obra.




Esse trabalho com obras de arte, oportuniza as crianças entrarem em contato com o universo artístico de forma participativa, além da apreciação, informação, reproduzi-las, baseando-se no observado, inspirando-se no que descobrimos ao apreciar as telas, desenvolve habilidades de percepção, imaginação, ampliação do universo cultural e histórico das crianças. O que transforma a atividade, não apenas em reprodução de arte, mas em expressão de sentimentos, sensação, emoção ativa em gestos, toque, voz e movimento, principalmente ao realizar as brincadeiras expostas nas obras observadas.
OBRA: “CRIANÇAS SOLTANDO PIPA – 1932” / Pintura com esponjas e colagens com texturas diversificadas.



OBRA: “MENINOS BRINCANDO – 1955” / Atividade elaborada para capa de caderno com pintura com rolinho, gravura com garfos descartáveis, e carimbo das mão com posições diferentes.



Com Obra “AUTORRETRATO – 1957”, as crianças puderam observar e descrever os detalhes da obra, aprender sobre o que é o autorretrato, como podemos realizá-lo, observar-se ao espelho e admirar seus detalhes, valorizando suas características e autoestima.Junto com as professoras, vivenciamos a reprodução coletiva da obra, em cartaz fixado na parede, partindo da observação da imagem impressa anexa ao lado, e do desenho ampliado no cartaz. 
OBRA “AUTO RETRATO – 1957 DE CANDIDO PORTINARI, pintura coletiva com pincel e colagens de textura e recursos diversificados.




O referencial curricular para educação infantil afirma:
“A construção da identidade e da autonomia diz respeito ao conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para fazer frente às diferentes situações da vida. A identidade é um conceito do qual faz parte da idéia de distinção, de uma marca de diferença entre as pessoas, a começar pelo nome, seguindo de todas as características físicas, de modo de agir e de pensar e da história pessoal.  Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações sociais estabelecidas pela criança, nas quais ela, alternadamente, imita e se funde com o outro para diferenciar-se dele, muitas vezes utilizando-se da oposição.”
É importante que os adultos refiram-se a cada criança pelo nome, bem como assegurem-se que conheçam os nomes de todos, estabelecendo que desde os primeiros anos a criança comece a entender-se como sujeito: “Quem eu sou?” “Qual meu nome?” “Como eu sou?”.
Para esse desenvolvimento, oportunizamos diversas atividades, com espelho, observação de características, rodas de conversas e histórias sobre as diversidades culturais. Destacando em muitos momentos o nome próprio das crianças, seus significados, a história cultural familiar apresentada através de entrevista com os familiares sobre o nome de cada criança.
Brincadeiras de contexto lúdico para repetição dos mesmos, de forma afetiva e particular a cada criança. Durante esses momentos algumas vezes convidamos as crianças a cantar a canção popular a canoa virou, brincando com o crachá do seus nomes.


ATIVIDADE DE CANTIGAS DE RODA COM NOME, DIGITAIS, COM CARIMBO DA MÃO


Em seguida, conhecemos o poema “Nome da gente” de Pedro Bandeira, trabalhando de formas diversificadas, reforçando a importância da identificação pessoal, através de canções, histórias, brincadeiras, poemas, oportunizando e estabelecendo a relação com o próprio nome e o dos colegas, familiarizando-se com a escrita dos mesmos, e a identificação dos seus pertences.

As histórias infantis, contos e fábulas, são recursos para se trabalhar a sensibilização das crianças com o propósito de conseguir mudanças de atitudes comportamentais. De tal forma, enriquecendo o universo infantil, apresentamos-lhes a fábula de Esopo reproduzida pela La Fontaine “A Tartaruga e a Lebre”. Onde exteriorizamos a compreensão e o entendimento da história, em roda de conversa, e atividades diferenciadas, oportunizando novas experiências, além de conhecerem as atitudes e os valores da história, mas também os personagens protagonistas da mesma, seu habitat, características, e os próprios animais em contato real com os mesmos.









Para Becker, 1993, p.105, a tomada de consciência surge, quase sempre, depois deste saber inicial que é a ação: somente a ação executada  materialmente poderá ser construída em pensamento”, tomando o pensar a síntese do que se fez repetidamente de diferentes maneiras.
Susana Rangel Vieira da Cunha (Org), As Artes no Uiverso Infantil, p.79

ATIVIDADES CULTUIRAIS, REFORÇANDO OS PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DAS CRIANÇAS – FESTA JUNINA, APRESENTAÇÃO DA MÚSICA: ESPANTALHO






Ao fazer repetidas vezes a mesma ação, de diversas formas diferentes, a criança aprende, se desenvolve, formando conceitos a respeito daquilo que foi vivenciado.Nesse segundo bimestre conduzimos experiências diversificadas, transformando saberes em momentos lúdicos e prazerosos, ricos em conhecimentos de ação e transformação da aprendizagem.
À partir da apresentação da biografia do renomado escritor brasileiro, percursor da literatura infantil no Brasil, “Monteiro Lobato”, iniciamos as atividades, buscando conhecer ainda mais sobre nossa história, realizamos nossa própria biografia, com auxílio dos nossos familiares, em parceria com o CMEI, em atividade impressa enviada para casa, onde foi conceituado trechos importantes da cultura das crianças e suas famílias, despertando a curiosidade e oportunidade para a elaboração da nossa árvore genealógica , o que nos propiciou momentos de afetividade e intimidade, onde dissertamos sobre nossos familiares, em uma deliciosa roda de conversa, observando as fotos enviadas pelos mesmos.







O que nos favoreceu, logo após esses momentos, viajarmos para o maravilhoso mundo da imaginação, através da literatura infantil, conhecemos então, uma das obras de “seu Monteiro” (Monteiro Lobato), “O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO” e assim como estávamos buscando conhecer nossas origens, buscamos conhecer os personagens da história, suas características e a relação de parentesco entre eles.



Lobato, ao descrever o sítio o faz de forma a compreendermos que era um lugar familiar, cheio de amor, onde Dona Benta, proprietária do Sítio, avó de Narizinho e Pedrinho, vive em paz e alegria.
Relata ainda, Lobato, sobre o Ribeirão, onde existem muitos peixes no Reino das Águas Claras, localizado ao fundo de uma maravilhoso pomar, onde as crianças brincavam, comiam frutas do pé, conviviam com animais e faziam amigos mais que especiais.
É nesse cenário que se passa essa divertida e rica história descrita através dos talentos desse homem que marcou a literatura brasileira e nos trouxe magníficas obras literárias.












Um comentário:

  1. Amei esse projeto desenvolvido por vocês! Parabéns pelo trabalho!!! 👏❤

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