Introdução:
Pautando-nos,
nos estudos da Proposta Pedagógica do Município e também baseando-se nas
formações ofertadas pela Secretaria Municipal de Ensino, como também nos
Referenciais Teóricos citados, no presente documento observado, buscamos
realizar um trabalho abrangente, humanizador, rico e sensibilizador, de uma
prática didática diversificada, prazerosa, significativa e pluralista.
Nosso
trabalho foi realizado com a turma de 3 anos, num total de 12 alunos, num local
provisório e adaptado, porém rico e favorável em possibilidades.
[...]
as instituições educativas só se justificam se, em todos os espaços e em todo
tempo,
ocuparem-se do desafio de disponibilizar as crianças as máximas
elaborações humanas.
Chaves, 2014, p.85
Trabalhar
o Meio Ambiente na Educação Infantil, é trabalhar a valorização a vida. É
estimular o apresso a humanidade e a empatia. É ensinar conceitos e valores
como: respeito, amor, solidariedade, sustentabilidade, preservação, é gerar
sensibilidade ao pertencer, é criar a perspectiva de se fazer parte de. É compreender
que somos o mundo muito mais do que estarmos no mundo!
Realizando
atividades lúdicas e prazerosas, com sentido ao universo infantil e recheadas
de conhecimentos e conceitos científicos, onde a criança aprimora suas
experiências e transforma seus saberes, através da prática e do contato com o
todo. No toque, ao fazer, ao manipular, experienciar e vivenciar as práticas, os
conceitos a criança desenvolve, amplia, expande e prossegue em conhecer, em
querer muito mais do que lhe foi ofertado, porque lhe fez sentido, lhe agradou
o objeto de busca e percepção. Como educador você se torna um instrumento entre
o conhecimento adquirido e a realização da prática formal, transformando-o em
um momento único, diferenciado, multidisciplinar e aperfeiçoador de um
desenvolvimento amplo das capacidades humanas, potencializador das habilidades
físicas, psíquicas e motoras de cada criança.
Porém,
ao mesmo momento você é tocado e transformado, você é sensibilizado pela
prática e a troca com o outro, sendo motivado e motivador. É a riqueza de se
trabalhar com humanidade e para a humanização. É descobrir a cada nova
atividade, todos os dias que estamos em eterna evolução.
Buscando a criticidade, a sensibilidade e a autonomia das crianças, trabalhamos com passeios ao sítio, ao parque, ao correio, a floricultura e a empresa Revita. Conhecemos o mágico mundo da literatura infantil através do maravilho e consagrado autor brasileiro Monteiro Lobato, explorando suas obras, personagens e elaboramos através desses estudos uma linda Caixa de Pesquisas e Estudos sobre o autor. Realizamos diversificadas experiências com tinta, areia, papel crepom, cola, papéis recicláveis, onde nos oportunizamos explorar as diversas possibilidades de cores, misturas, texturas e construções com maquetes e esculturas. Elaboramos, juntos, passo a passo, um Minhocário, conhecendo cada detalhe da vida da minhoca, do seu ambiente, alimentação e reprodução. Brincamos com bola, corda, jogos, contextualizando as atividades sobre o Sitio do Picapau Amarelo. Dramatizamos canções populares, brincamos de faz de conta e utilizamos a riqueza do imaginar nas diversas possibilidades exploradas. Plantamos, colhemos e comemos aquilo que nós mesmos preparamos, realizando a máxima do todo ao fazer do princípio ao fim e nesse meio tempo, nos conhecemos, nos sensibilizamos e aprendemos um com o outro na maravilhosa troca do ser.
Descrição
da situação anterior:
Ao
iniciarmos 2018, refletindo sobre as possíveis práticas e observando nossas
crianças, seus comportamentos, contextos históricos e socializando com o grupo,
conseguimos através da conversa, algumas atividades e brincadeiras, reconhecer
suas necessidades, tanto as individuais como as do grupo, suas dificuldades
comportamentais, o que se destacou foi a indisciplina que era grande, a falta
de algumas necessidades básicas ressaltava-se claramente em alguns, até mesmo
como higiene e boa alimentação.
Tivemos
também a possibilidade, que veio a se concretizar, da mudança do Centro
Comunitário para uma casa locada, o que ainda não era o mais adequado aos
padrões de uma educação de excelência, porém, provisoriamente, o que melhoraria
as condições inicias do Centro Comunitário, principalmente de segurança e higiene,
só que ainda mais longe do prédio original do CMEI e com salas ainda mais reduzidas
em espaço e ambientes.
Observando
esse contexto, parecíamos limitados, a sensação era estar desprovido de espaço
físico mesmo, para ser bem realista com a situação, isso fazia ainda mais
ressaltante a condição disciplinar das crianças, era comum que elas ficassem
irritadas até mesmo por trombarem umas nas outras, dormirem muito, eu reforço
muitíssimo próximas.
Com
isso, era inevitável ao grupo, uma intervenção pedagógica, precisávamos no
adaptar a nova realidade e trazer as crianças o melhor possível em todas as
possibilidades.
Mudanças
sempre acarretam certa ansiedade, necessidades especiais podem gerar
desconforto, principalmente a início, mas o que mais gosto nas mudanças são as
possibilidades, a perspectiva criativa que se abre num contexto que poderia ser
limitado ou bloqueador, porém também, dependendo do olhar e forma de intervir,
extremamente desafiador e estimulante.
Nos questionamos como
grupo e também parceria pedagógica, como faríamos para proporcionar o mais
rico, primoroso e esmerado da educação para
nossas crianças dentro das possibilidades e com os recursos que tínhamos.
Como poderíamos
interferir, enriquecendo suas realidades, transformando suas vivencias em novas
oportunidades, favorecendo de maneira significativas novos aprendizados. E que
isso fosse motivador, prazeroso, que eles se sentissem tocados de uma forma
única nas possibilidades do saber, diminuindo a agressividade entre eles,
despertando suas curiosidades, fazendo participativos no processo, fundamentais
para que a transformação humanizadora que desejávamos acontecesse veemente.
Se
a vida ao seu redor não o coloca diante de desafios,
se as suas reações comuns
e hereditárias estão em equilíbrio
com o mundo circundante, então não haverá
base alguma
para a emergência da criação. O ser completamente adaptado ao mundo
nada desejaria, não teria nenhum anseio e,
é claro, não poderia criar. Por
isso, na base da criação
há sempre uma inadaptação da qual surgem necessidades,
anseios e desejos.
Vigotski, 2009, p. 40
Foi
assim, que através de muito diálogo, abusando das rodas de conversa,
reconhecendo a necessidade de planejamentos flexíveis e adaptados ao ambiente e
as circunstâncias, principalmente para que se realizassem muito mais nos
espaços externos do CMEI e até mesmo fora dele. Buscamos, a partir da
problemática a solução, daí a ideia de trabalharmos o máximo possível o meio
ambiente de forma interdisciplinar e explorando as culturas, a sociedade em que
estávamos inseridos, a natureza em si, suas diversas possibilidades, visando
despertar tanto nas crianças como em nós empatia, sensibilidade,
conscientização e sustentabilidade através da educação.
Objetivos
da prática:
* Compreender valores essenciais a vida e ao mundo, como: respeito, empatia, solidariedade, compaixão e amizade.
* Compreender valores essenciais a vida e ao mundo, como: respeito, empatia, solidariedade, compaixão e amizade.
*Desenvolver e estimular uma consciência humanizadora,
no âmbito social e ambiental de forma lúdica e prazerosa.
· * Vivenciar práticas importantes ao meio
ambiente, cuidados com a natureza na prática elementar.
· *Promover e inspirar o respeito ao próximo, a
solidariedade, a compreensão, a empatia, cooperação com o grupo, assim como
propósitos em comum ao meio e a socialização entre si.
· *Realizar brincadeiras cantadas com pequenas
coreografias, diferentes movimentos corporais e articulação de sons.
· * Conhecer, explorar e apreciar diferentes
linguagens artísticas.
· *Conhecer, reconhecer, diferenciar, explorar,
tocar e imitar diferentes tipos de animais.
· * Apreciar canções, pinturas, esculturas e
outros aspectos da cultura.
· * Conhecer, apreciar e descrever elementos
presentes em uma obra.
· *Conhecer, reconhecer, nomear e explorar as
possibilidades das cores.
· * Expressar-se verbalmente em diferentes
situações, ampliando as possibilidades do uso da linguagem oral.
· *Elaborar desenhos a partir de situações
vivenciadas, elementos dados, simetrias apresentadas, e de forma livre e
exploratória.
· * Elaborar produções artísticas à partir de
elementos e materiais disponibilizados.
· *Expressar-se de diferentes formas,
verbalmente, em situações diferentes: canções, poesias, relatos diários, trava
línguas, brincadeiras cantadas, etc.
· *Executar diferentes movimentos corporais
como: rolar sobre colchonete dando cambalhotas.
· * Reconhecer figuras geométricas em elementos
apresentados, como: obras de arte, móveis no espaço, imagens ilustrativas,
brinquedos, dobraduras, etc.
· *Demonstrar interesse enquanto as professoras
leem textos de diferentes formatações, sejam poesias, histórias, informativos.
Argumentando e realizando comparações e complementações aos estudos propostos.
· * Reproduzir situações cotidianas através de
jogos dramáticos.
· * Realizar diferentes percursos, fazendo uso
dos equipamentos e materiais disponibilizados.
· *Simbolizar situações cotidianas e
imaginárias, através dos materiais disponibilizados. Como fantoches, dedoches,
bonecos, mascarás, etc.
· * Utilizar de brinquedos como recurso para desenho.
· *Listar nome das crianças, destacando e
observando a letra inicial de cada nome listado.
· *Realizar brincadeiras cantadas destacando e
ressaltando o nome das crianças.
· *Expressar detalhadamente elementos observados
em obras de arte.
· *Concentrar-se na audição de determinados
gêneros musicais, realizando pequenas coreografias pautadas nos estudos
propostos.
· *Elaborar produções artísticas com texturas,
esculturas, colagens, desenhos, pinturas, tingimentos, etc.
· * Identificar as letras do seu nome.
· * Reconhecer seu nome em seus objetos pessoais.
· * Executar diferentes movimentos corporais,
estimulando o desenvolvimento e a ampliação das capacidades de correr, saltar,
pular, andar, arremessar, soprar, pegar, amassar, levantar, abaixar,
equilibrar, etc.
· * Conhecer e diferenciar as características dos
animais domésticos e selvagens.
· * Conhecer e nomear as partes de uma planta.
· * Plantar pequenas mudas, acompanhando seu
desenvolvimento, despertando cuidados básicos a seres vivos.
· * Participar de diferentes jogos cooperativos.
· * Realizar várias formas de contagens
coletivas.
· * Acompanhar e compreender a passagem do tempo
através de calendário e relógio.
· * Conhecer, apreciar e explorar a biografia do
renomado autor brasileiro Monteiro Lobato e algumas de suas obras.
· * Elaborar diferentes produções artísticas
inspirados na obra de Monteiro Lobato “O Sítio do Picapau Amarelo”.
· * Identificar, nomear, e valorizar pessoas que
fazem parte do seu contexto familiar.
· * Compreender e saber diferenciar as relações
de grau familiar valorizando os membros de sua família.
· *Ampliar as habilidades de recortar e colar,
explorando diversos temas para busca, identificação em revistas e jornais.
· * Identificar e diferenciar paisagens rurais e
urbanas, ressaltando suas características.
· * Explorar a motricidade fina através de jogos
de memória, quebra-cabeças, peças de montar, etc.
· *Conhecer e diferenciar os diferentes tipos de
moradias.
· *Conhecer diferentes habitats de animais
selvagens e domésticos.
· *Compreender a origem de alguns alimentos.
· * Realizar plantio de uma pequena horta.
· *Elaborar maquete com materiais recicláveis.
· * Elaborar papel artesanal a partir da
reciclagem de papeis reaproveitados.
· *Identificar e registrar informações
referentes suas famílias, e relação familiar, tendo responsável como escriba.
· * Identificar partes do corpo humano e
nomeá-las.
· * Conhecer diferentes manifestações de danças.
· * Elaborar um habitat animal real,
“minhocário”, e realizar diferentes estudos sobre o mesmo.
· *Compreender e diferenciar seres vivos e
objetos.
· * Compreender de formas diferentes a
importância com o meio ambiente, seus cuidados e preservação.
· *Demonstrar compreender as regras propostas em
jogos e combinados.
· *Relacionar e vivenciar cuidados com o meio
ambiente à coleta seletiva, identificando e classificando pelas cores propostas
referentes aos resíduos trabalhados.
· *Desenvolver interesses em comum, motivando-os
e estimulando-os a desenvolverem suas capacidades físicas, psíquicas e motoras.
De forma interdisciplinar, critica, prazerosa, abrangente e multidisciplinar.
Referencial
Teórico:
Segundo
a UNESCO 1987, Educação Ambiental é “um
processo permanente” onde o indivíduo
e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que
os tornam capazes de agir, individual ou coletivamente, na busca de
soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros.
E
ainda assim, com suma importância, que se faz evidente no contexto acima, vale
ressaltar que foi na Conferência de Estocolmo, promovida em 1972, que definiu
pela primeira vez a importância da ação educativa nas questões ambientais.
Gerando o primeiro Programa Internacional de Educação Ambiental, consolidado em
1975 pela Conferência de Belgrado.
Ainda
sobre novos enfoques, os problemas ambientais passaram a modificar o panorama
educacional. A Educação Ambiental passou a ser considerada como campo de ação
pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional. (IBAMA 1994).
A
Educação Ambiental nada mais é do que a própria educação, com sua base
determinada historicamente e que tem como objetivo final melhorar a qualidade
de vida e ambiental da coletividade e garantir sua sustentabilidade, afirma
Pelicioni, 2004.
Em
concordância encontramos a assertiva de Mellowes – 1972, que nos diz, que “a
Educação Ambiental é um processo no qual deve ocorrer um desenvolvimento
progressivo de um senso de preocupações com o meio ambiente, baseado em um
completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente em sua
volta.
Neste
sentido, a função da escola é promover o desenvolvimento em uma perspectiva de
humanização. Em outras palavras, significa dizer que educar só se justifica
caso potencialize as capacidades humanas desenvolvidas ao longo da história da
humanidade. (Chaves, Saito 2015). O desafio é a formação caracterizada por
sentidos e significados humanizadores, centrada na ideia de que os cursos e
formação contínua não podem reduzir-se ao como fazer, mas devem conduzir a
reflexão e compreensão acerca dos enfrentamentos e possibilidades da ação
educativa formal, das necessidades e do potencial das crianças e dos motivos
que possam ser gerados numa lógica de educação humanizadora. Ainda Chaves,
2014.
Paulo
Freire – 1998, define a ideia Educação como que aprendemos aquilo que queremos,
ou seja, a educação depende muito mais daquele que incorpora o conhecimento do
que o que propõe.
De
acordo com o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século
XXI, publicado em 1996, as bases da educação são: aprender a aprender, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender
a ser.
Ou seja, cabe ao ser
humano desenvolver ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal (as nossas
responsabilidades pessoais), como as nossas participações
no gênero humano, pois compartilhamos de um destino comum. (Morin, 2000)
No
Brasil, esses princípios foram incorporados pela Política Nacional de Educação
Ambiental (PNEA).
Que
defende em seu artigo 4º os seguintes princípios básicos para a Educação
Ambiental no Brasil:
I- O
enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II-
A concepção do meio ambiente em sua
totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o
socioeconômico e o cultural, sobre o enfoque da sustentabilidade.
III-
O pluralismo de ideias e concepções
pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade;
IV-
A vinculação entre a ética, a educação, o
trabalho e as práticas sociais;
V-
A garantia de continuidade e permanência no
processo educativo;
VI-
A permanente avaliação crítica do processo
educativo;
VII-
A abordagem articulada das questões
ambientais locais, regionais, nacionais e globais.
VIII-
O reconhecimento e o respeito à pluralidade e
a diversidade individual e cultural.
Partindo então dessa
premissa, a função da interdisciplinaridade na Educação Ambiental é resgatar o
“complexus”, o TODO.
Para
Oliveira – 2008, a interdisciplinaridade [...] gira em torno da relação entre
disciplinas, cujo interesses próprios são preservados. Em outras palavras,
Morrin – 1997, diz que, conhecer é sempre poder rejuntar uma informação ao seu
contexto e ao conjunto ao qual pertence.
Logo,
vislumbramos a perspectiva de Vigotski – 2009, onde afirma:
“Quanto mais a
criança viu, ouviu e vivenciou, mais ela sabe e assimilou; quanto maior a
quantidade de elementos da realidade que ela dispõe
em suas experiências – sendo as demais circunstâncias as mesmas, mais
significativa e produtiva será a atividade de sua imaginação.
Chaves
afirma que: a formação rigorosa em Referencial Teórico, deve servir para
ensinar e desenvolver não apenas a criança, mas também o próprio educador.
Antes de pensar a necessidade de conteúdos “da” e “para” a criança é necessário
apresentar conteúdos para o professor no sentido de que possa ampliar seu
universo cultural.
Nesse
contexto, sobre a importância da educação observamos Leontiev – 1978, destacar
que: O homem não nasce dotado das aquisições históricas da humanidade.
Resultando estas do desenvolvimento das gerações humanas, não são incorporadas
nele, nem nas suas disposições naturais, mas no mundo que o rodeia, nas grandes
obras da cultura humana. Só apropriando-se delas no decurso da sua vida ele
adquire propriedade e faculdades verdadeiramente humanas. Este processo
coloca-o muito acima do mundo animal. Quanto mais progride a humanidade, mais
rica é a prática sócio – histórica acumulada por ela, mais cresce o papel específico da educação e mais complexa é a sua
tarefa.
Por
tanto ressalta a afirmativa de Morrin – 2000, quanto diz que: “Não ensinamos as
condições de um conhecimento pertinente, isto é, de um conhecimento que não
mutila o seu objeto. Nós seguimos em primeiro lugar, um mundo formado pelo
ensino disciplinar. É evidente que as disciplinas de toda ordem ajudaram o
avanço do conhecimento e são insubstituíveis. O que existe entre as disciplinas
é invisível e as conexões entre elas também são invisíveis. Mas isto não
significa que seja necessário conhecer somente uma parte da realidade. É
preciso ter uma visão capaz de situar o conjunto.”
Enquanto
que para Vigotski, o ambiente social é fonte de modelo dos quais as construções
devem se aproximar. É a fonte do conhecimento socialmente construído que serve
de modelo e medeia as construções infantis. Para Vigotski, a aprendizagem, e
consequentemente o desenvolvimento, é impelida pelos modelos, e claro, pela
motivação da criança.
A esse respeito,
ainda Vigotski e Luria, 1996 sinalizam que: “O grau de desenvolvimento cultural
de uma pessoa expressa-se não só pelo conhecimento
por ela adquirido, mas também por sua capacidade de usar objetos em seu mundo
externo e, acima de tudo, usar racionalmente seus próprios processos
psicológicos. A cultura e o meio
ambiente refazem uma pessoa não apenas por oferecer-lhe determinado
conhecimento, mas pela transformação da própria estrutura de seus processos
psicológicos, pelo desenvolvimento nela de determinadas técnicas, para usar
suas próprias capacidades.
Em
contra partida, nesse contexto amplo de conscientização da importância da
educação e a relevância ao meio ambiente no contexto sociocultural e histórico
do educando, sobressai aos nossos olhos a advertência de Morin, 2000 quando
afirma a problemática que:
“A
grande inimiga da compreensão é a falta de preocupação em ensiná-la. Na
realidade, isto é um agravante, já que o individualismo ganha um espaço cada
vez maior. Estamos vivendo numa sociedade individualista, que favorece o
sentido de responsabilidade individual, que desenvolve o egocentrismo, o
egoísmo e que, consequentemente, alimenta a auto justificação e a rejeição ao
próximo.”
Por
tanto faz-se indispensável a reflexão sobre as práticas humanizadoras que reforcem
a importância afirmada por Chaves, Saito Et. Al, 2015, onde:
“... Conhecerão, aprenderão
valores essenciais para a individualidade e a vida coletiva, e nessa condução são
essenciais a solidariedade, o espírito coletivo e o apresso a arte como
possibilidades de vivências para que as crianças possam aprender e, por
tanto se desenvolver”.
Sendo
que, “a infância é o tempo em que a criança deve se introduzir na cultura
humana, histórica e socialmente criada, produzindo para si qualidade
especificamente humanas”, concordando com a citação acima a afirmativa de
Leontiev, 1978.
Nessa
intenção, Chaves, 2013 assevera que: “Como
podemos planejar as aulas falando sobre os mais belos poemas e histórias que
versam sobre borboletas, flores, bichinhos de jardim, pássaros, enfim, sobre
temáticas que estão diariamente sendo tratadas em nossas instituições
escolares, mas que as crianças conhecem apenas por imagens dos livros, ou veem
em desenhos que passam na televisão, que nem sempre são apropriados para sua
faixa etária! Por que não compormos um lindo jardim e esperarmos que o perfume
das flores traga até as crianças lindas borboletas, pássaros, beija-flores, com
várias espécies de flores, das mais belas às mais simples, para compor o espaço
escolar!”
[...]
as Escolas de Educação Infantil podem se apresentar como espaços de educação
por excelência, o que equivale a dizer que a organização do tempo e do espaço
justifica-se para favorecer ou instrumentalizar intervenções educativas capazes
de promover a aprendizagem e o desenvolvimento dos escolares de diferentes
idades. (Chaves, 2014).
Por
tanto, “a organização do tempo e do espaço pode ser expressão daquilo que se
aprende por mais elaborado. [...] Um desafio, sobretudo nesse início do século
XXI, em que há o acumulo de riquezas de um lado e extensão de miséria do
outro.” (Chaves, 2014)
Pelicioni,
2004, nesse contexto ressalta que [...] “a educação não pode ser voltada apenas
para mudanças individuais, mas para as mudanças coletivas e, principalmente,
para a transformação do sistema social afim de garantir melhor qualidade de
vida para a humanidade e para os demais seres vivos” [...] Assim, a educação
deve promover mudanças na cultura moderna, permeada pela valorização do
individualismo e do consumismo, características inerentes ao capitalismo. A
inversão desses valores deve começar com a valorização do homem pelo que ele é,
e não pelo que ele possui. Nesse sentido, deve prevalecer o interesse coletivo
sobre o interesse individual, pois o comprometimento coletivo dos indivíduos na
solução dos problemas socioambientais é um dos aspectos fundamentais no
processo de desenvolvimento da Educação Ambiental.
Nesse pressuposto,
compreendemos Vigotski, 2000 quando reafirma a necessidade de que as ações
pedagógicas sejam pensadas na intenção de oportunizar
o pleno desenvolvimento dos escolares pois as ações pedagógicas devem projetar
as crianças para além daquilo que ela já sabe.
Organizar
a rotina na instituição escolar requer, antes da organização do trabalho
pedagógico propriamente dito, estudos e decisões coletivas, o que favorecerá a
compreensão de que em todo o tempo e em todos os espaços as instituições
escolares devem expressar nos procedimentos, paredes, corredores parque e
jardins o que de mais avançado pode ser presentado e ensinado as crianças,
defende Chaves, Stein e Silva, 2014.
Assim
faz-se concreto o ensinamento de Vigotski, 2003 ao declarar que:
“A
beleza deve deixar de ser uma coisa rara e própria das festas para se
transformar em uma exigência da vida cotidiana, e o esforço criativo deve
impregnar cada movimento, cada palavra e cada sorriso da criança.”
“...
Cabe ao ser humano desenvolver, ao mesmo tempo, a ética e a autonomia pessoal
(as nossas responsabilidades pessoais), além de desenvolver a participação
social (as reponsabilidades sociais), ou seja, a nossa participação no gênero
humano, pois compartilhamos de um destino comum.” [...] “E hoje que o
planeta já está, ao mesmo tempo, unido e fragmentado, começa a se desenvolver
um ética do gênero humano, para que possamos superar esse estado de caos e
começar, talvez, a civilizar a Terra.” Permeia, claramente, Morin 2000.
Desenvolvimento:
Da ação
docente: “... não substitui a criança
em sua necessária atividade, mas propõe
intencionalmente
a atividade, amplia e qualifica a atividade iniciada pela
criança,
interfere sempre que necessário para garantir,
com as atividades
propostas, que cada criança se aproprie
das máximas capacidades dadas naquele
momento da história.
Mello, 2006, p.197
Em visita ao Museu do Amanhã:
“Onde estamos? Hoje estamos no Antropoceno, a Era dos Humanos, um novo momento
da história do Planeta. Somos bilhões de pessoas ocupando todos os continentes,
fabricando tecnologias mais eficientes, mas consumindo vastos recursos e
produzindo muito lixo. Em poucas gerações tornamo-nos uma força global que
transformou a Terra e as condições de vida de outras espécies. Nossas ações tem
consequências significativas que se estenderão pelos próximos séculos. Nós e
nossos descendentes viveremos em um mundo profundamente modificado pela nossa
própria presença.
De tal forma, ressaltamos que é fundamental a consciência
de que o Meio Ambiente para o homem assim, como o homem para o meio ambiente,
não dá para “não coexistir”, ambos dependem um do outro, e hoje, o meio reage a
degradação do homem ao próprio homem. Como que refletisse de forma oriunda a
exatidão do que recebeu. De tal forma, que nunca foi tão atual e futurista ou e
se houve tamanha necessidade de conscientizar, preservar, SUSTENTABILIZAR. Ouso
dizer: “salvar” o homem, do próprio homem, para que a vida prossiga em existir
e concomitarcom a Natureza e todo o Meio Ambiente em si. Logo, aprender é
preciso, e faz-se desde muito cedo, para que toda prática venha sendo
construída de forma natural as crianças que serão as protagonistas dessa nova
etapa de forma existencial com o meio e os cuidados necessários ao mesmo, numa
vida onde sejam parte do mundo como um todo, conscientes da sua função,
transformação e ação fundamental nele.
“Meio
Ambiente: conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais
capazes de causar efeitos diretos e
indiretos, em um prazo curto ou logo, sobre
os seresvivos e as atividades humanas. Segundo as Nações Unidas”
A alegria não chega apenas no encontro do achado,
mas faz parte do processo da busca.
Ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura,
fora da boniteza e da alegria.
Paulo Freire.
Em seguida, conhecemos o poema “Nome da gente”
de Pedro Bandeira, trabalhando de formas diversificadas, reforçando a
importância da identificação pessoal, através de canções, histórias,
brincadeiras, poemas, oportunizando e estabelecendo a relação com o próprio
nome e o dos colegas, familiarizando-se com a escrita dos mesmos, e a
identificação dos seus pertences.
As histórias infantis, contos e fábulas, são
recursos para se trabalhar a sensibilização das crianças com o propósito de
conseguir mudanças de atitudes comportamentais. De tal forma, enriquecendo o
universo infantil, apresentamos-lhes a fábula de Esopo reproduzida pela La
Fontaine “A Tartaruga e a Lebre”. Onde exteriorizamos a compreensão e o
entendimento da história, em roda de conversa, e atividades diferenciadas,
oportunizando novas experiências, além de conhecerem as atitudes e os valores
da história, mas também os personagens protagonistas da mesma, seu habitat,
características, e os próprios animais em contato real com os mesmos.
O que nos favoreceu, logo após esses momentos,
viajarmos para o maravilhoso mundo da imaginação, através da literatura
infantil, conhecemos então, uma das obras de “seu Monteiro” (Monteiro Lobato),
“O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO” e assim como estávamos buscando conhecer nossas
origens, buscamos conhecer os personagens da história, suas características e a
relação de parentesco entre eles.
O trabalho com releitura de obras na Educação
Infantil tem como objetivo despertar o olhar e interesse das crianças para as
obras de diversos pintores, favorecendo o processo criativo, crítico e
possibilitando que elas expressem suas opiniões e desenvolvam a capacidade de
pensar, refletir, falar e criar, tornando-se também produtoras de artes.
Dessa forma, buscando ampliar os conhecimentos
das nossas crianças e visando aprimorá-las culturalmente, iniciamos apresentando-lhes
algumas obras do expoente das artes “CÂNDIDO PORTINARI”, sendo elas: “AUTORRETRATO-1957”,
“PALHACINHOS NA GANGORRA-1957”, “CRIANÇAS SOLTANDO PIPA-1932”, “MENINOS
BRINCANDO-1955”.
Realizamos observações através das imagens
impressas e de livros, as cores, as formas, discutimos sobre as intenções do
artista ao produzir as telas, os métodos, os materiais utilizados.
Após as vivências com as obras, convidamos as
crianças a reproduzi-las utilizando de diferentes técnicas de pintura, com
recursos variados como: rolinho, esponjas, pincel, pintura a dedo, colagens com
tecidos, palitos de sorvete, papéis com texturas diversificadas.
PALHACINHOS
NA GANGORRA – 1957 DE CANDIDO PORTINARI / Pintura com rolinho e esponjas,
colagens com texturas diferenciadas, para capa de portfólio. Brincadeira na
gangorra, vivenciando a atividade observada na obra.
Esse trabalho com obras de arte, oportuniza as
crianças entrarem em contato com o universo artístico de forma participativa,
além da apreciação, informação, reproduzi-las, baseando-se no observado,
inspirando-se no que descobrimos ao apreciar as telas, desenvolve habilidades
de percepção, imaginação, ampliação do universo cultural e histórico das
crianças. O que transforma a atividade, não apenas em reprodução de arte, mas
em expressão de sentimentos, sensação, emoção ativa em gestos, toque, voz e
movimento, principalmente ao realizar as brincadeiras expostas nas obras
observadas.
OBRA:
“CRIANÇAS SOLTANDO PIPA – 1932” / Pintura com esponjas e colagens com texturas
diversificadas.
OBRA:
“MENINOS BRINCANDO – 1955” / Atividade elaborada para capa de caderno com
pintura com rolinho, gravura com garfos descartáveis, e carimbo das mão com
posições diferentes.
Com Obra “AUTORRETRATO – 1957”, as crianças
puderam observar e descrever os detalhes da obra, aprender sobre o que é o
autorretrato, como podemos realizá-lo, observar-se ao espelho e admirar seus
detalhes, valorizando suas características e autoestima.Junto com as
professoras, vivenciamos a reprodução coletiva da obra, em cartaz fixado na
parede, partindo da observação da imagem impressa anexa ao lado, e do desenho
ampliado no cartaz.
OBRA
“AUTO RETRATO – 1957 DE CANDIDO PORTINARI, pintura coletiva com pincel e
colagens de textura e recursos diversificados.
O referencial curricular para educação
infantil afirma:
“A construção da identidade e da autonomia diz
respeito ao conhecimento, desenvolvimento e uso dos recursos pessoais para
fazer frente às diferentes situações da vida. A identidade é um conceito do
qual faz parte da idéia de distinção, de uma marca de diferença entre as
pessoas, a começar pelo nome, seguindo de todas as características físicas, de
modo de agir e de pensar e da história pessoal.
Sua construção é gradativa e se dá por meio de interações sociais
estabelecidas pela criança, nas quais ela, alternadamente, imita e se funde com
o outro para diferenciar-se dele, muitas vezes utilizando-se da oposição.”
É importante que os adultos refiram-se a cada
criança pelo nome, bem como assegurem-se que conheçam os nomes de todos,
estabelecendo que desde os primeiros anos a criança comece a entender-se como
sujeito: “Quem eu sou?” “Qual meu nome?” “Como eu sou?”.
Para esse desenvolvimento, oportunizamos
diversas atividades, com espelho, observação de características, rodas de
conversas e histórias sobre as diversidades culturais. Destacando em muitos
momentos o nome próprio das crianças, seus significados, a história cultural
familiar apresentada através de entrevista com os familiares sobre o nome de
cada criança.
Brincadeiras de
contexto lúdico para repetição dos mesmos, de forma afetiva e particular a cada
criança. Durante esses momentos algumas vezes convidamos as crianças a cantar a
canção popular a canoa virou, brincando com o crachá do seus nomes.
ATIVIDADE
DE CANTIGAS DE RODA COM NOME, DIGITAIS, COM CARIMBO DA MÃO
Para Becker, 1993, p.105, a tomada de
consciência surge, quase sempre, depois deste saber inicial que é a ação: somente
a ação executada materialmente poderá
ser construída em pensamento”, tomando o pensar a síntese do que se fez
repetidamente de diferentes maneiras.
Susana
Rangel Vieira da Cunha (Org), As Artes no Uiverso Infantil, p.79
ATIVIDADES CULTUIRAIS, REFORÇANDO OS
PRINCÍPIOS HISTÓRICOS DAS CRIANÇAS – FESTA JUNINA, APRESENTAÇÃO DA MÚSICA:
ESPANTALHO
Ao fazer repetidas vezes a mesma ação, de
diversas formas diferentes, a criança aprende, se desenvolve, formando
conceitos a respeito daquilo que foi vivenciado. Nesse segundo bimestre conduzimos experiências
diversificadas, transformando saberes em momentos lúdicos e prazerosos, ricos
em conhecimentos de ação e transformação da aprendizagem.
À partir da apresentação da biografia do
renomado escritor brasileiro, percursor da literatura infantil no Brasil,
“Monteiro Lobato”, iniciamos as atividades, buscando conhecer ainda mais sobre
nossa história, realizamos nossa própria biografia, com auxílio dos nossos familiares,
em parceria com o CMEI, em atividade impressa enviada para casa, onde foi
conceituado trechos importantes da cultura das crianças e suas famílias,
despertando a curiosidade e oportunidade para a elaboração da nossa árvore
genealógica , o que nos propiciou momentos de afetividade e intimidade, onde
dissertamos sobre nossos familiares, em uma deliciosa roda de conversa,
observando as fotos enviadas pelos mesmos.
Lobato, ao descrever o sítio o faz de forma a
compreendermos que era um lugar familiar, cheio de amor, onde Dona Benta,
proprietária do Sítio, avó de Narizinho e Pedrinho, vive em paz e alegria.
Relata ainda, Lobato, sobre o Ribeirão, onde
existem muitos peixes no Reino das Águas Claras, localizado ao fundo de uma
maravilhoso pomar, onde as crianças brincavam, comiam frutas do pé, conviviam
com animais e faziam amigos mais que especiais.
É nesse cenário que se passa essa divertida e
rica história descrita através dos talentos desse homem que marcou a literatura
brasileira e nos trouxe magníficas obras literárias.
Amei esse projeto desenvolvido por vocês! Parabéns pelo trabalho!!! 👏❤
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